segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Félix Houphouët-Boigny

 

Félix Houphouët-Boigny


Félix Houphouët-Boigny
Félix Houphouët-Boigny em 22 de Maio de 1962
1.º Presidente da Costa do Marfim
Período3 de novembro de 1960
7 de dezembro de 1993
Sucessor(a)Henri Konan Bédié
Primeiro-ministro da   Costa do Marfim
Período1 de maio de 1959
27 de novembro de 1960
Antecessor(a)Auguste Denise
Sucessor(a)Alassane Ouattara (1993)
Ministro da Saúde da  França
Período6 de novembro de 1957
14 de maio de 1958
Antecessor(a)Bernard Lafay
Sucessor(a)André Maroselli
Dados pessoais
Nascimento18 de outubro de 1905
IamussucroFrança África Ocidental Francesa
Morte7 de dezembro de 1993 (88 anos)
Iamussoucro Costa do Marfim
Primeira-damaMarie-Thérèse Houphouët-Boigny
PartidoPDCI-RDA
ReligiãoCatólico
ProfissãoAssistente médico

Félix Houphouët-Boigny ([feliks ufwɛ(t) bwaɲi];[1][2] Iamussucro18 de outubro de 1905 – 7 de dezembro de 1993), conhecido carinhosamente por Papa Houphouët ou Le Vieux (O Velho), foi o primeiro Presidente da Costa do Marfim de 1960 a 1993, cargo onde permaneceu por mais de três décadas até à sua morte. Chefe tribal, trabalhou como assistente médico, líder de sindicato e plantador antes de ser eleito para o Parlamento francês. Teve vários cargos ministeriais dentro Governo francês antes de alcançar a liderança da Costa de Marfim na sequência da independência em 1960. Ao longo da sua vida, teve um papel significativo na política e na descolonização da África.

Sob a liderança política moderada de Houphouët-Boigny, a Costa do Marfim prosperou economicamente. Este sucesso, invulgar da região pobre da África Ocidental, tornou-se conhecido como o "milagre de marfim" e deveu-se a uma combinação de um bom planeamento, a manutenção de laços fortes com o Ocidente (em particular com a França), e o desenvolvimento das indústrias do café e cacau do país. Contudo, as explorações do sector agrícola causaram dificuldades em 1980, após uma acentuada quebra nos preços do café e do cacau.

Ao longo da sua presidência, Houphouët-Boigny manteve uma relação próxima com France, uma política conhecida como Françafrique, e desenvolveu uma amizade próxima com Jacques Foccart, o conselheiro-chefe sobre assuntos relacionas com África nos governos de de Gaulle e Pompidou. Deu apoio aos conspiradores que derrubaram Kwame Nkrumah do poder no Gana em 1966, fez parte no golpe fracassado contra Mathieu Kérékou no Benim em 1977, e tornou-se suspeito no golpe de 1987 que retirou Thomas Sankara do poder no Burquina Fasso. Houphouët-Boigny manteve uma forte política externa anti-communista, a qual teve como resultado, entre outros, o corte de relações diplomáticas com a União Soviética em 1969 (depois de terem sido estabelecidas em 1967) e a recusa em reconhecer a República Popular da China até 1983. Apoiou a UNITA, organização rebelde anti-comunista de Angola, também apoiada pelos Estados Unidos. Em 1986, re-estabeleceu as relações com a União Soviética, pouco antes da queda da sua confederação.

No Ocidente, Houphouët-Boigny era conhecido como "Sábio de África" ou o "Grande Velho de África". Houphouët-Boigny saiu da capital Abidjã para a sua terra-natal, Iamussucro, e aí construiu a maior igreja do mundo, a Basílica de Nossa Senhora da Paz de Iamussucro, com um custo de 300 milhões de dólares. Quando morreu, era o líder africano que mais tempo se manteve no mandato na história da África, e o terceiro líder no mundo, depois de Fidel Castro de Cuba e Kim Il-sung da Coreia do Norte. Em 1989, a UNESCO criou o Prémio pela Paz Félix Houphouët-Boigny pela alvaguarda, manutenção e procura da paz". Após a sua morte, as condições na Costa do Marfim depressa se deterioraram. Entre 1994 e 2002, ocorreram vários golpes de estado, desvalorização da moeda, recessão económica, e, desde 2002, uma guerra civil.

Referências

  1.  Noble, Kenneth B. (8 de fevereiro de 1994). «For Ivory Coast's Founder, Lavish Funeral»New York Times. Consultado em 22 de Julho de 2008
  2.  «Félix Houphouët-Boigny». France Actuelle5. 1956. p. 10

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