domingo, 27 de novembro de 2022

Manuel Azaña Díaz (Alcalá de Henares, 10 de Janeiro de 1880 — Montauban, 3 de Novembro de 1940)

 Manuel Azaña Díaz (Alcalá de Henares10 de Janeiro de 1880 —  Montauban3 de Novembro de 1940)

Manuel Azaña
Manuel Azaña
7.º Presidente da Espanha
Período11 de maio de 1936 - 3 de março de 1939
Antecessor(a) Niceto Alcalá-Zamora
Sucessor(a)José Miaja (Interino)
Presidente do Governo Provisório da Espanha
Período14 de outubro - 11 de dezembro de 1931
Antecessor(a)Niceto Alcalá-Zamora
Sucessor(a)Niceto Alcalá-Zamora (Como Presidente da República)
Presidente do Conselho de Ministros
Período19 de fevereiro - 10 de maio de 1936
16 de dezembro de 1931 - 12 de setembro de 1933
Dados pessoais
Nascimento10 de janeiro de 1880
Alcalá de Henares Espanha
Morte3 de novembro de 1940 (60 anos)
MontaubanFrança
PartidoPartido Reformista
Accíon Republicana
Esquerda Republicana
AssinaturaAssinatura de Manuel Azaña Díaz
Estandarte Presidencial de Manuel Azaña.

Manuel Azaña Díaz (Alcalá de Henares10 de Janeiro de 1880 — Montauban3 de Novembro de 1940) foi um político espanhol, segundo e último Presidente efectivo da Segunda República Espanhola.

Além de ter sido um dos políticos e oradores mais importantes na política espanhola do Século XX, foi um notável jornalista e escritor, que conseguiu o Premio Nacional de Literatura em 1926. A sua obra La velada en Benicarló, sobre a Guerra Civil Espanhola é uma interessante reflexão a respeito da década de 1930 em Espanha. Os seus Diários - dados a conhecer há poucos anos - são um dos documentos mais importantes daquele momento histórico.

Etapa reformista

Nascido numa família abastada, ficou órfão ainda criança, e estudou no mosteiro do Escorial com frades agostinianos.

Licenciou-se em Direito pela Universidade de Saragoça em 1897. Doutor em Direito pela Universidade Central de Madrid em 1900, com uma tese intitulada A responsabilidade das multidões, concorreu à Dirección General de Registros y Notariado.

Em 1914 filiou-se no Partido Reformista liderado por Melquíades Álvarez, sendo nesse mesmo ano eleito secretário do Ateneu de Madrid. Por aquele partido foi candidato a Deputado pela povoação toledana de Puente del Arzobispo, sem sucesso. Em 1920 fundou a revista La Pluma vindo a juntar-se-lhe, passado tempo, o seu cunhado Cipriano Rivas Cherif; em 1922 dirige o semanário España.

Muito crítico da ditadura de Primo de Rivera, publicou em 1924 um enérgico manifesto contra o ditador e contra o Rei Afonso XIII, fundando no ano seguinte com José Giral o Partido de Acção Republicana.

Segunda República

Ver artigo principal: Segunda República Espanhola

Participou em 1930 no Pacto de San Sebastián, gérmen do futuro governo republicano que surgiria do resultado favorável às candidaturas republicanas nas eleições municipais de 12 de Abril de 1931 e do subsequente abandono do país por parte do Rei Afonso XIII.

Nomeado Ministro da Guerra do Governo provisório da Segunda República, a 14 de Abril de 1931, substituiria depois Niceto Alcalá-Zamora como Presidente do Governo provisório (em Outubro do mesmo ano), devido à demissão deste ao ser aprovado o Artigo 14º (finalmente 16º) da Constituição, dedicado à questão religiosa. Durante o debate deste artigo, Azaña, maçon, que interveio na sua qualidade de Deputado, pronunciou um dos seus mais famosos discursos, no que incluía a famosa frase "Espanha parou de ser católica".:[1]

Como Presidente do Governo de coligação republicano-socialista levou a cabo as principais reformas previstas no programa republicano: reforma do Exército, dimensionando-o de acordo com as capacidades do país e do erário público; reforma agrária; reforma do ensino, potenciando o público; estatuto de autonomia da Catalunha, etc. Teve, além disso, tempo para estrear o seu drama La Corona.

Todas estas questões políticas, juntamente com a agitação social existente em grande parte do país, acarretar-lhe-ão múltiplos problemas com os poderes fácticos, especialmente com a Igreja Católica e com parte do Exército, em concreto dos seguidores do general José Sanjurjo em Agosto de 1932. Finalmente, os acontecimentos de Casas ViejasCastilblanco e Arnedo motivaram a sua demissão, a 8 de Setembro de 1933, por parte do Presidente Alcalá-Zamora.

Presidência da República

19 de Novembro de 1933, triunfou a coligação formada pelo Partido Republicano Radical de Alejandro Lerroux e a Confederação Espanhola de Direitas Autônomas (CEDA) de José María Gil-Robles, o que trouxe como consequência a sua retirada temporária da política e a sua volta à actividade literária e editorial. Desta época são os livros Una política e En el Poder y en la Oposición, recompilações de discursos parlamentares.

O afastamento político durou pouco, e em 1934 fundou o Partido da Esquerda Republicana, fruto da fusão de Acção Republicana com o Radical-Socialista, liderado por Marcelino Domingo e a Organização Republicana Galega Autónoma (ORGA) de Santiago Casares Quiroga.

revolução de 1934 nas Astúrias e em Barcelona serviu como pretexto para o acusar de instigador das mesmas, pelo que o encarceraram a bordo do destróier Sánchez Barcáiztegui, ancorado no porto em Barcelona, saindo finalmente absolvido no processo judicial, acontecimento que narra no seu livro Mi Rebelión en Barcelona.

16 de Fevereiro de 1936, sai vencedora a coligação de partidos de esquerda denominada Frente Popular, sendo Azaña encarregado de formar governo. Após a destituição de Alcalá-Zamora, foi eleito Presidente da República, em 10 de Maio de 1936.

Guerra civil e exílio

O começo da guerra civil, após as suas inúteis tentativas de consciencializar as diferentes forças políticas republicanas para os perigos da sua desunião, supõe um duro golpe para Azaña. A isto é adicionada a solidão a que o relegou, em Madrid, o Governo republicano. O posterior desenvolvimento da contenda piorou o seu estado de ânimo, como fica reflectido nas suas memórias, onde relata os seus desencontros com líderes do Governo, como Francisco Largo Caballero e, especialmente, Juan Negrín.

18 de Julho de 1938, ante as Cortes reunidas em Barcelona, pronunciou o célebre discurso no que instava à reconciliação entre os dois bandos, sob o lema Paz, Piedad, Perdón.

Ocupada Barcelona pelo Exército Nacional a 26 de Janeiro de 1939 e Gerona a 5 de Fevereiro, neste mesmo dia retira-se para França. A 27 do mesmo mês, ao saber do reconhecimento do governo do general Franco pela França e pela Grã-Bretanha, redigiu a sua carta de demissão como Presidente da República, que apresentou no dia seguinte, sendo substituído interinamente pelo Presidente das Cortes, Diego Martínez Barrio.

Refugiado no Rossilhão, com metade de França ocupada pelo Exército alemão e a outra metade sob administração do governo de Pétain, é vigiado e fustigado sem cessar por agentes do regime ditatorial do general Franco, que pretendiam a sua captura e deportação para Espanha. Finalmente, a Gestapo decidiu detê-lo. O embaixador do México na regime de Vichy, Luis I. Rodríguez, prevenido aparentemente pelos próprios alemães, conseguiu livrar o presidente dos seus captores e transladá-lo, numa difícil viagem de ambulância, para Montauban, em primeiro lugar para o nº 34 da Rua de Michelet e, logo depois, ao Hôtel du Midi, onde a legação mexicana utilizou vários quartos como sede provisória, onde se refugiaram numerosos espanhóis exilados, à espera de poderem fugir da França.

Tumba de Manuel Azaña no cemitério urbano de Montauban.

Azaña instalou-se com a sua esposa no quarto número 11 do Hôtel du Midi, o mesmo que usava como moradia e escritório o embaixador (e onde há ainda uma placa comemorativa desse facto). Ali, prematuramente envelhecido e esgotado pela penúria sofrida, faleceu a 4 de Novembro de 1940.

O marechal Pétain proibiu que fosse sepultado com honras de Chefe de Estado: somente acedeu a que fosse coberto o seu féretro com a bandeira espanhola, na condição de esta ser a bicolor tradicional, e de modo nenhum a republicana. O embaixador do México decidiu então que fosse sepultado coberto com a bandeira mexicana. Segundo conta nas suas memórias, Rodríguez disse ao Prefeito francês:

Os seus restos repousam no cemitério de Montauban (Trapeze Q, Section 7). Deixou escrito que não se movimentassem do local onde repousassem.

Existe a Associação Manuel Azaña, que gere uma livraria e organiza acções culturais em Espanha.

Referências

Bibliografia

  • Memorias políticas y de guerra de Manuel Azaña Díaz, Ed. Grijalbo (Barcelona) 1996 ISBN 84-253-2931-0
  • Diarios, 1932-1933 : los cuadernos robados de Manuel Azaña Díaz, Ed. Crítica (Barcelona) 1997 ISBN 84-7423-868-4
  • Max Lagarrigue, - "Manuel Azaña en Montauban. La ultima morada del presidente de la República española, Manuel Azaña", em Repùblica – 70 anys després, Valencia (Espanha), 2001, pp. 64–65.
  • Luís Arias Argüelles-Meres. Azaña o el sueño de la razón- Editorial Nerea. Madrid 1990 ISBN 84-86763-43-6
  • Federico Suárez. Manuel Azaña y la guerra de 1936. Ed. Rialp (Madrid) 2000, ISBN 84-321-3319-1
  • Fresdeval de Manuel Azaña Díaz, Pre-Textos, Valencia 1987. ISBN 84-85081-84-6ISBN 9788485081844

Ver também

Ligações externas

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