Maximiliano de Habsburgo-Lorena (nascido Ferdinand Maximilian Joseph, Viena, 6 de julho de 1832 — Santiago de Querétaro, 19 de junho de 1867)
Maximiliano | |
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Imperador do México | |
Reinado | 10 de abril de 1864 a 15 de maio de 1867 |
Predecessor | Agostinho I (deposto em 1823) |
Sucessor | Monarquia abolida |
Vice Rei da Lombardia Veneto | |
Reinado | 6 de setembro de 1857 a 10 de abril de 1859 |
Predecessor | Josef Radetzky |
Sucessor | Ferencz Gyulai |
Príncipe Imperial da Áustria | |
Reinado | 2 de dezembro de 1848 a 21 de agosto de 1858 |
Predecessor | Francisco Carlos |
Sucessor | Rodolfo Francisco |
Nascimento | 6 de julho de 1832 |
Palácio de Schönbrunn, Viena, Áustria | |
Morte | 19 de junho de 1867 (34 anos) |
Santiago de Querétaro, México | |
Sepultado em | Cripta Imperial, Viena, Áustria |
Nome completo | |
Fernando Maximiliano José Maria | |
Esposa | Carlota da Bélgica |
Descendência | Agustín (adotivo) Salvador (adotivo) |
Casa | Habsburgo-Lorena |
Pai | Francisco Carlos da Áustria |
Mãe | Sofia da Baviera |
Assinatura | ![]() |
Brasão | ![]() |
Maximiliano de Habsburgo-Lorena (nascido Ferdinand Maximilian Joseph, Viena, 6 de julho de 1832 — Santiago de Querétaro, 19 de junho de 1867) foi o único monarca do Segundo Império Mexicano (1863–1867). Era o irmão mais novo do imperador Francisco I da Áustria. Após uma distinta carreira na marinha austríaca, ele aceitou a oferta de Napoleão III da França para ascender ao trono mexicano. Os franceses haviam invadido o México no inverno de 1861, como parte de uma intervenção armada internacional. Tentando legitimar sua dominância em parte das Américas, Napoleão III convidou Maximiliano a ocupar o trono mexicano. Foi apoiado pelo exército francês e por conservadores mexicanos que estavam descontentes com a administração liberal do presidente Benito Juárez. Maximiliano se declarou Imperador do México em 10 de abril de 1864.[1]
O novo Império Mexicano rapidamente ganhou reconhecimento de algumas das principais potências europeias, como a Rússia, a Áustria e a Prússia. Os Estados Unidos, contudo, continuaram a reconhecer Benito Juárez como o legítimo presidente do México. Enfrentando enorme resistência das forças republicanas leais a Juárez, Maximiliano nunca conseguiu consolidar seu poder por todo o território mexicano. Com o término da Guerra Civil Americana em 1865, os Estados Unidos começaram a fornecer apoio direto e substancial para o presidente Juárez e seus comandados. Os estadunidenses viam com muito maus olhos qualquer intervenção europeia em assuntos do continente americano e consideravam o México uma parte vital da sua esfera de influência na região. Isso piorou consideravelmente a posição de Maximiliano I e a situação começou a ficar insustentável a partir de 1866 quando as tropas franceses começaram a se retirar do México. Seu império autoproclamado rapidamente entrou em declínio e sem contar mais com apoio interno ou externo, foi capturado e executado por forças do governo republicano mexicano em 1867. Sua esposa, Carlota da Bélgica, conseguiu fugir para a Europa a fim de conseguir angariar apoio para o regime do marido, mas sem qualquer sucesso; após a execução de Maximiliano, ela teve um colapso mental.
Primeiros anos
Fernando Maximiliano José de Habsburgo-Lorena nasceu no Palácio de Schönbrunn, na capital austríaca. Era o segundo filho varão do arquiduque Francisco Carlos e da princesa Sofia da Baviera. No entanto, há boatos de que Maximiliano era, na verdade, filho biológico de Napoleão II (falecido em 1832), filho de Napoleão Bonaparte e de sua segunda esposa, Maria Luísa da Áustria.
Sofia e Napoleão II, titulado como duque de Reichstadt, tinham uma amizade íntima que provocava rumores na corte, os quais a arquiduquesa jamais se preocupou em desmentir. Quando ela engravidou pela segunda vez, Napoleão II morreu de tuberculose.
Em Trieste, Maximiliano foi marinheiro por vários anos, vivendo bastante tempo em alto-mar; colaborou no triunfo de sua nação na guerra contra a Itália. Tendo conhecido a princesa D. Maria Amélia de Bragança, filha de D. Pedro I do Brasil (IV de Portugal) e D. Amélia de Leuchtenberg, ele teria planejado um matrimônio, mas D. Maria Amélia faleceu precocemente na Ilha da Madeira, em 1853. De luto com esta perda, Maximiliano passou a usar um anel contendo um cacho de cabelo da falecida princesa.
Em 27 de julho de 1857, Maximiliano contraiu matrimônio com Carlota da Bélgica, a única filha do rei Leopoldo I da Bélgica. O casamento, contudo, só ocorreu por interesses econômicos, pois ele precisava urgentemente de dinheiro para pagar suas dívidas da construção do Castelo de Miramare em Trieste, na costa do mar Adriático. Para isso, utilizou o dote de Carlota.
Leopoldo I pressionou o imperador Francisco José I, irmão de seu genro, para que concedesse a Maximiliano o cargo de vice-rei do Reino Lombardo-Vêneto. Assim, ele completaria suas ambições dinásticas para sua filha. Viveram então na cidade de Milão até 1859, quando o imperador retirou-o do posto porque os planos de guerra não estavam nos ideais liberais de Maximiliano. Pouco a pouco, a Áustria-Hungria perdeu suas possessões na Itália, e o arquiduque decidiu retirar-se da vida pública em seu castelo de Miramare.
Imperador
Em 1859, Maximiliano foi abordado por monarquistas mexicanos para reivindicar o trono do país. Como a Casa de Habsburgo já tinha governado o país através do Vice-Reino da Nova Espanha, Maximiliano teria assim legitimidade para se tornar o monarca do México. Ele inicialmente negou, mas quando a França conseguiu invadir e ocupar grandes partes do México, Maximiliano decidiu reconsiderar.[2] No final, ele acabou sendo persuadido pelo imperador francês Napoleão III e aceitou o pedido dos realistas mexicanos a aceitar a coroa do recém-fundado Império Mexicano (1864-1867).
A Aventura de Maximiliano de Habsburgo - como foi chamada no México - não passou de um triste episódio de interesses criados, ingenuidade e desespero. Os conservadores viram em sua pessoa a possibilidade de manter um sistema político que lhes era cômodo e que lhes parecia seguro por contar com o apoio da França, da Inglaterra e da Santa Sé. O arquiduque austríaco, por sua vez, de certo modo condenado a ser sempre o irmão do imperador da Áustria, aceitou o papel que lhe era oferecido desempenhar em um país completamente desconhecido para ele e submerso numa profunda crise política.
Em meio à crise e aos inúmeros conflitos, ele se voltou para o primo-irmão, o imperador D. Pedro II do Brasil:
Devido a suas tendências liberais, Maximiliano logo perdeu o apoio dos conservadores. Foi alvo da hostilidade dos seguidores de Benito Juárez, os republicanos, ao ordenar a execução sumária de seus líderes (1865). A única proteção de Maximiliano era a presença de tropas francesas.
Com o fim da Guerra Civil Americana, o governo dos Estados Unidos começou a pressionar a França a se retirar do México. Em 1866, as forças francesas começaram a evacuação e Napoleão III aconselhou Maximiliano I a abdicar e fugir, o que ele recusou. Maximiliano se via numa posição cada vez mais precária. Contudo, mesmo sem apoio interno ou externo, ele assumiu pessoalmente o comando de seus soldados e tentou resistir, mas não conseguiu virar a maré do conflito contra os republicanos. Após um cerco em Santiago de Querétaro, foi capturado, aprisionado, julgado por uma corte marcial e fuzilado juntamente com seus generais Tomás Mejía e Miguel Miramón.
Com sua morte, a pretensão ao trono mexicano foi reivindicada por dois ramos distintos. Os Habsburgo-Itúrbide, por adoção dos netos do primeiro imperador do México Agustín de Itúrbide, e outro ramo os Habsburgo-Gueroust.
Maximiliano I governou o México por menos de quatro anos a partir do Castelo de Chapultepec. Ele tentou implementar políticas liberais, o que alienou sua base de apoio conservadora. Tentou financiar casas para os mais pobres, perdoou dívidas dos camponeses, reduziu a jornada de trabalho do povo e também baniu o trabalho infantil. Apesar de ter tentado implementar reformas populistas, acabou nunca sendo popular entre o povo mexicano e muitos celebraram sua morte, especialmente os republicanos. A avaliação dele perante os historiadores é controversa, com muitos o louvando por suas reformas e outros o condenando como um político ineficaz.[6][7]
Posteridade
Logo após sua execução, o acontecimento foi imortalizado por Manet, que acompanhara toda a aventura e desventura deste Habsburgo na América do Norte.
Títulos e honrarias
Estilo imperial de tratamento de Maximiliano do México | |
![]() | |
Estilo imperial | Sua Majestade Imperial |
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Tratamento direto | Vossa Majestade Imperial |
Estilo alternativo | Sire |
Títulos e estilos
- 6 de Julho de 1832 – 10 de Abril de 1864: "Sua Alteza Imperial e Real, o Arquiduque Maximiliano da Áustria,
Príncipe da Hungria, Croácia e Boêmia". - 10 de Abril de 1864 – 15 de Maio de 1867: "Sua Majestade Imperial, o Imperador do México".
Condecorações mexicanas
Maximiliano era Grão-Mestre das seguintes ordens de cavalaria:
Condecorações estrangeiras
Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro - 1852
Grande Cruz da Ordem de Santo Estêvão - 1856
Cavaleiro da Ordem da Fidelidade
Cavaleiro da Ordem de São Humberto - 1856
Grande Cordão da Ordem de Leopoldo - 1857
Grande Cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro
Grande Cruz da Ordem de Henrique, o Leão
Cavaleiro da Ordem do Elefante - 1866
Grande Cruz da Legião de Honra
Grande Cruz da Ordem do Salvador
Cavaleiro da Ordem de São Jorge
Grande Cruz da Real Ordem Guélfica
Grande Cruz da Ordem de Luís
Grande Cruz da Ordem de Filipe, o Magnânimo
Grande Cruz da Ordem de Pio IX
Cavaleiro da Ordem do Santo Sepulcro
Cavaleiro da Ordem da Anunciação - 1865
Grande Cruz da Ordem Soberana e Militar de Malta
Grande Cruz da Ordem Neerlandesa do Leão - 1856
Grande Cruz da Ordem da Torre e Espada - 1852
Cavaleiro da Ordem da Águia Negra - 1866
Grande Cruz da Ordem da Águia Vermelha - 1852
Cavaleiro de todas as Ordens de Cavalaria da Rússia
Cavaleiro da Ordem da Coroa de Ruda - 1852
Grande Cruz da Ordem do Serafim
Grande Cruz da Ordem de São José
Grande Cruz da Ordem de São Fernando e do Mérito
Grande Cruz da Ordem de São Januário
Ancestrais
[Expandir]Ancestrais de Maximiliano do México[9] |
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Ver também
Referências
- ↑ «MEXICO4». www.royalark.net. Consultado em 18 de junho de 2022
- ↑ Maximilian in Mexico
- ↑ «'Maximiliano do México - Um fantoche francês'». Consultado em 4 de outubro de 2009. Arquivado do original em 16 de abril de 2009
- ↑ «'O Primo Desventurado' Javier Torres Medina». Consultado em 14 de setembro de 2009. Arquivado do original em 19 de maio de 2011
- ↑ «Op.Cit., p.5». Consultado em 4 de outubro de 2009. Arquivado do original em 5 de junho de 2011
- ↑ Harding, Bertita (1934). Phantom Crown: The story of Maximilian & Carlota of Mexico. New York: Blue Ribbon Books. ISBN 1434468925
- ↑ Haslip, Joan (1972). The Crown of Mexico: Maximilian and His Empress Carlota. New York: Holt, Rinehart and Winston. ISBN 0-03-086572-7
- ↑ «'Maximiliano por Manet'». Consultado em 4 de outubro de 2009. Arquivado do original em 19 de maio de 2011
- ↑ Wurzbach, Constantin, von, ed. (1860). "Habsburg, Franz Karl Joseph". Biographisches Lexikon des Kaiserthums Oesterreich [Enciclopédia Biográfica do Império Austríaco] (em alemão). 6. p. 257 – via Wikisource.
Bibliografia
- BETHELL, Leslie. História da América Latina. Vol. 3. São Paulo: Edusp, 2001.
- BIBLIOTECA NACIONAL, Revista de História. Maximiliano por Manet. Rio de Janeiro, edição nº 33, junho de 2008.
- BRULEY, Yves. Maximiliano do México - Um fantoche francês. Revista História Viva, edição 66 - Abril 2009.
- CHÁVEZ OROZCO, Luis. Maximiliano y la restitución de la esclavitud en México. 1865-1866. México: Secretaría de Relaciones Exteriores, 1961.
- DEL PASO, Fernando. Noticias del imperio. México: Editorial Diana, 2000.
- Relaciones Diplomáticas entre México y el Brasil (1822-1867). México: Secretaría de Relaciones Exteriores, 1964, 2 tomos.
- MEDINA, Javier Torres. O primo desventurado. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, edição nº 32, maio de 2008.
Maximiliano do México Casa de Habsburgo-Lorena Ramo da Casa de Habsburgo 6 de julho de 1832 – 19 de junho de 1867 | ||
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Precedido por Agustín de Iturbide | ![]() Imperador do México 10 de abril de 1864 – 15 de maio de 1867 | Monarquia abolida Segunda República Federal do México |
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