Nascido em Paranaguá, no dia 6 de agosto de 1849, Ildefonso Pereira Correia era filho do tenente-coronel Manuel Francisco Correia Júnior e de Francisca Antônia Pereira Correia. Sua juventude foi marcada pelo envolvimento de seus familiares com a política, a começar por seu pai, um entusiasta da emancipação do Paraná em relação a São Paulo. Ildefonso graduou-se em Humanidades no Rio de Janeiro, de onde voltou para ingressar no mercado da erva-mate que vivia um momento ascendente. Seu primeiro engenho de mate foi construído em Antonina, mas com o surgimento da estrada da Graciosa, transferiu suas atividades para Curitiba.
Na capital, adquiriu e modernizou o engenho Iguaçu, além de inaugurar o Engenho Tibagi. Adquiriu a Typographya Paranaense e passou a imprimir selos coloridos que identificavam sua erva mate, o quê multiplicou as vendas. A Typographya passou a se chamar Impressora Paranaense. Ildefonso Correia também possibilitou a existência do Banco Industrial e Mercantil e também foi o acionário mais importante da Companhia Ferrocarril de Curitiba, além de ser proprietário do jornal Diário do Comércio e diretor da Sociedade Protetora de Ensino. Participou da fundação da Associação Comercial do Paraná e foi seu primeiro presidente.
Em 1882, foi eleito deputado provincial e, seis anos depois, assumiu de forma interina o governo da província. Quando exerceu a presidência da Câmara Municipal, assumiu o compromisso público de libertar todos os escravos do município, antes mesmo da assinatura da lei Áurea. Com a proclamação da república, foi convidado por Vicente Machado a participar do Partido Republicano, mas seu interesse em política já não era mais o mesmo.
A Revolução Federalista irrompeu no ano de 1893. Pretendendo chegar a São Paulo, revoltosos oriundos do Rio Grande do Sul cercaram a cidade da Lapa que resistiu por muitos dias até a capitulação com a morte do General Gomes Carneiro. Vicente Machado afastou-se de Curitiba e a capital ficou à mercê dos revolucionários que adentraram sem maiores problemas. Ildefonso Correia desempenhou papel decisivo na preservação de Curitiba e de seus habitantes. Cedeu dinheiro do próprio bolso para evitar saques e estupros. Após a volta das forças legalistas, o Barão foi preso e executado no km 65 da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá em companhia de cinco amigos, também presos políticos. Os verdadeiros fatos em torno da memória de Ildefonso Pereira Correia passaram a ser resgatados nos anos 40 do século XX. Autores como Rocha Pombo, Leôncio Correia e Túlio Vargas, assim como recentemente o cineasta Maurício Appel contribuíram para o reconhecimento de sua importância para a história do Paraná.
Fontes:
Vargas, túlio. A última viagem do Barão do Serro Azul. 2ª edição/2ª reimpressão. Editora Juruá. Curitiba, 2009.
Sêga, Rafael Augustus. Tempos Belicosos. A Revolução federalista no Paraná e a rearticulação da vida político-administrativa do estado (1889-1907). Editora Instituto da Memória, 2ª edição. Curitiba, 2008.
Pombo, Rocha. Para a História. Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Curitiba, 1980.
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