Biografia de Nikolai Gogol
Nicolau Gógol. Nikolai Vasilievich Gogol (em russo: Николай Васильевич Гоголь; em ucraniano: Микола Васильович Гоголь, transliteração: Mykola Vassyliovytch Hohol, Poltava, Ucrânia, 20 de Março de 1809 - Moscovo, 21 de Fevereiro de 1852), foi um proeminente escritor russo de origem ucraniana. Apesar de muitos de seus trabalhos terem sido influenciados pela tradição ucraniana, Gogol escreveu em russo e sua obra é considerada herança da literatura russa. Toda a sua obra é fundada no realismo, mas um realismo muito próprio com rasgos do que viria a ser um surrealismo. Apesar da crítica fulminante, a obra é hoje apontada como absolutamente russa. Biografia Com vinte anos (1829), o jovem Gogol vai para São Petersburgo, onde conhece Alexandre Púchkin, o maior escritor de então, que lhe inspira devota amizade e fervorosa empatia, ideias novas para obras que ainda não tinham vindo à luz do dia, nomeadamente Noites na Herdade de Dikanka, sua obra de estreia, tendo sido publicada em 1831, obtendo Gogol o seu primeiro êxito. Mas desde cedo revela uma personalidade complexa. Amante fervoroso da verdade, Gogol é um homem repleto de preocupações místicas, religiosas e patrióticas. A sua obra reflecte o lado moralista das questões que dizem respeito à condição humana, trágica e inapelavelmente priosioneira na sua jaula; mas a crítica efusiva censurava com amiúde suas tentativas de fazer vingar o poder instituído e aparentemente inabalável. Gogol não fora político, não possuía um programa de acção contra o regime, que fazia da Rússia da época um país «metade caserna, metade prisão». No entanto, a crítica não revelaria sendo o bastante para caricaturar o jovem e proeminente escritor. Seu pai, antigo oficial cossaco, desenvolveu seu gosto pela literatura, e apesar do seu modo do género temerário, nunca fora o amparo na infância de Nikolai, ainda que o jovem nutrisse por seu progenitor verdadeira amizade. Sua mãe transmitiu-lhe a fé religiosa, que veio a desencadear em um misticismo doentio. Seus progenitores seriam portanto uma quota parte da influência em toda a sua obra. Depois de estudos medíocres, este jovem de fisionomia austera deixa a Ucrânia e encontra um modesto emprego de escritório ministerial em São Petersburgo. A distância de seu país natal e a nostalgia que dela resulta inspiraram alguns dos seus escritos. A panóplia de obras e romances do então funcionário para sempre enclausurado avivaram a sua carreira como autor, e após haver conhecido pessoalmente o romântico Alexandre Púchkin, sua obra despoletaria em um realismo próprio - não diremos insuflado, mas uma fonte riquíssima em artifícios paradoxais, tal como Dostoiévskihavia traçado em sua obra. Prova desse realismo típico veio a ser a novela O Capote, cujo herói se tornara arquétipo do pequeno funcionário russo. De facto, sua intervenção não é outra senão denunciar os vícios e abusos no interior da alma humana, humilhada e atravancada de emoções contraditórias. Em pleno desarranjo emocional, Gogól foge e recomeça viajando pela Europa. A morte de Púchkin no ano de 1837, em um desinteressante duelo, abala profundamente Gogol. «Agora tenho a obrigação de concluir a obra cuja ideia fora do meu amigo». Referia-se, naturalmente, ao alentado texto de Almas Mortas. Tenta publicar a obra em Moscovo em 1841, mas o Comité Moscovita de Censura recusa. Não é senão após uma intervenção dos amigos do autor que o livro é publicado, em 1842. O romance é uma descrição em detalhe das preocupações do homem russo em uma Rússia profunda; uma sátira, às vezes impiedosa, que porém guarda subjacente o profundo e natural amor de Gogol pelo país. De 1837 a 1843 vive em Roma. Regressa à Rússia, doente. Um misticismo religioso acentuado indu-lo a abandonar as antigas ideias liberais (como se aí residisse o que é de absolutamente condicionante) para se tornar um defensor da autocracia. Essa fase mística virá a exacerbar-se após a sua viagem à Palestina, em 1849. As tribulações recomeçam: Itália, França, Alemanha etc. Em 1848, faz uma peregrinação em Jerusalém. A pouco e pouco, sua saúde se degrada, e ainda mais devido à sua irritável hipocondria que em nada o recompõe; seu sentimento religioso se exalta. Gógol se torna cada vez mais místico, impelido em ir buscar, pelo sentimento religioso, a salvação da alma. De volta a Moscovo, redige a segunda parte de Almas Mortas. Mas seu estado físico se degrada incessante, mercê do sonho que o acompanha desde jovem: mesmo homem absolutamente sadio e regrado, sua ânsia por uma nova ordem das coisas o martiriza. No início de Fevereiro de 1852, num momento de delírio, segundo dizem, ele queima na lareira de seu quarto todos os manuscritos inéditos - inclusive o fim da segunda parte de Almas Mortas. O romance é uma belíssima e irónica ficção sobre a corrupção de uma classe decadente que domina o povo ignorante e escravo do Estado. Mas nunca fora concluída. A 21 de Fevereiro de 1852 Nicolau Vasilievich Gógol morre. São-lhe concedidas cerimónias e reconhecimento únicos: seu corpo embalsamado segue insepulto por mais de um dia carregado pelos estudantes, que oferecem homenagens acaloradas em memória do grande escritor. Todos os que leram Gogol queriam ver de perto a despedida do grande autor. Está enterrado no cemitério de Novodevitchi, em Moscovo. Sua obra fez de Nikolai Gogol o maior escritor russo da primeira metade do século XIX, o verdadeiro introdutor do realismo na literatura russa, o precursor genial de todos os grandes escritores que se lhe seguiram. Como disse Dostoiévski: "Todos nós saímos de O Capote de Gógol". Toda a literatura russa, que já muito devia a Púchkin, colherá em Gógol os maiores ensinamentos. Obras
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quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Nikolai Gogol
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