quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Mario Quintana


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Monumento a Mário Quintana (dir) e Carlos Drummond de Andrade, na Praça da Alfândega de Porto Alegre, obra de Francisco Stockinger.
Nascimento30 de julho de 1906
Alegrete
Morte5 de maio de 1994 (87 anos)
Porto Alegre
Nacionalidadebrasileira
Escola/tradiçãoPoesia
Principais interessesLiteratura
Mario de Miranda Quintana (Alegrete, 30 de julho de 1906 — Porto Alegre, 5 de maio de 1994) foi um poetatradutor e jornalista brasileiro.
Mario Quintana fez as primeiras letras em sua cidade natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou para a Editora Globo e depois na farmácia paterna. Considerado o "poeta das coisas simples", com um estilo marcado pela ironia, pela profundidade e pela perfeição técnica, ele trabalhou como jornalista quase toda a sua vida. Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal, entre elas Em Busca do Tempo Perdidode Marcel ProustMrs Dallowayde Virginia Woolf, e Palavras e Sangue, de Giovanni Papini.
Em 1953, Quintana trabalhou no jornal Correio do Povo, como colunista da página de cultura, que saía aos sábados, e em 1977 saiu do jornal. Em 1940, ele lançou o seu primeiro livro de poesias, A Rua dos Cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966, foi publicada a sua Antologia Poética, com sessenta poemas, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, e lançada para comemorar seus sessenta anos de idade, sendo por esta razão o poeta saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recita o poema Quintanares, de sua autoria, em homenagem ao colega gaúcho. No mesmo ano ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores de melhor livro do ano. Em 1976, ao completar setenta anos, recebeu a medalha Negrinho do Pastoreio do governo do estado do Rio Grande do Sul. Em 1980 recebeu o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra.
Vida pessoal
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a6/Majestic8.jpg/250px-Majestic8.jpgCasa de Cultura Mario Quintana, antigo Hotel Majestic.
Mario Quintana não se casou nem teve filhos. Solitário, viveu grande parte da vida em hotéis: de 1968 a 1980, residiu no Hotel Majestic, no centro histórico de Porto Alegre, de onde foi despejado quando o jornal Correio do Povo encerrou temporariamente suas atividades, por problemas financeiros e Quintana, sem salário, deixou de pagar o aluguel do quarto. Na ocasião, o comentarista esportivo e ex-jogador da seleção Paulo Roberto Falcão cedeu a ele um dos quartos do Hotel Royal, de sua propriedade. A uma amiga que achou pequeno o quarto, Quintana disse: "Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas".
Essa mesma amiga, contratada para registrar em fotografia os oitenta anos de Quintana, conseguiu um apartamento no Porto Alegre Residence, um apart-hotel no centro da cidade, onde o poeta viveu até sua morte. Ao conhecer o espaço, ele se encantou: "Tem até cozinha!".3 Em 1982, o prédio do Hotel Majestic, que fora considerado um marco arquitetônico de Porto Alegre, foi tombado. Em 1983, atendendo a pedidos dos fãs gaúchos do poeta, o governo estadual do Rio Grande do Sul adquiriu o imóvel e transformou-o em centro cultural, batizado como Casa de Cultura Mario Quintana. O quarto do poeta foi reconstruído em uma de suas salas, sob orientação da sobrinha-neta Elena Quintana, que foi secretária dele de 1979 a 1994, quando ele faleceu. Segundo Mario, em entrevista dada a Edla Van Steen em 1979, seu nome foi registrado sem acento. Assim ele o usou por toda a vida. Faleceu em 1994 em Porto Alegre. Encontra-se sepultado no Cemitério São Miguel e Almas em Porto Alegre. Em 2006, no centenário de seu nascimento, várias comemorações foram realizadas no estado do Rio Grande do Sul em sua homenagem.
Relações com a ABL 
O poeta tentou por três vezes uma vaga à Academia Brasileira de Letras, mas em nenhuma das ocasiões foi eleito; as razões eleitorais da instituição não lhe permitiram alcançar os vinte votos necessários para ter direito a uma cadeira. Ao ser convidado a candidatar-se uma quarta vez, e mesmo com a promessa de unanimidade em torno de seu nome, o poeta recusou.

Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro.

— Mario Quintana
Se Mario Quintana estivesse na ABL, não mudaria sua vida ou sua obra. Mas não estando lá, é um prejuízo para a própria Academia.

— Luís Fernando Veríssimo
Não ter sido um dos imortais da Academia Brasileira de Letras é algo que até mesmo revolta a maioria dos fãs do grande escritor, a meu ver, títulos são apenas títulos, e acredito que o maior de todos os reconhecimentos ele recebeu: o carinho e o amor do povo brasileiro por sua poesia e pelo grande poeta e ser humano que ele foi...

— Cícero Sandroni
Obras
Obra poética
  • A Rua dos Cataventos - Porto Alegre, Editora do Globo, 1940
  • Canções - Porto Alegre, Editora do Globo, 1946
  • Sapato Florido - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
  • O Aprendiz de Feiticeiro - Porto Alegre, Editora Fronteira, 1950
  • Espelho Mágico - Porto Alegre, Editora do Globo, 1951
  • Inéditos e Esparsos - Alegrete, Cadernos do Extremo Sul, 1953
  • Poesias - Porto Alegre, Editora do Globo, 1962
  • Caderno H - Porto Alegre, Editora do Globo, 1973
  • Apontamentos de História Sobrenatural - Porto Alegre, Editora do Globo / Instituto Estadual do Livro, 1976
  • Quintanares- Porto Alegre, Editora do Globo, 1976
  • A Vaca e o Hipogrifo - Porto Alegre, Garatuja, 1977
  • Esconderijos do Tempo - Porto Alegre, L&PM, 1980
  • Baú de Espantos - Porto Alegre - Editora do Globo, 1986
  • Preparativos de Viagem - Rio de Janeiro - Editora Globo, 1987
  • Da Preguiça como Método de Trabalho - Rio de Janeiro, Editora Globo, 1987
  • Porta Giratória - São Paulo, Editora Globo, 1988
  • A Cor do Invisível - São Paulo, Editora Globo, 1989
  • Velório Sem Defunto - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990
  • Água - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2011
Livros infantis
  • O Batalhão das Letras - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
  • Pé de Pilão - Petrópolis, Editora Vozes, 1968
  • Lili inventa o Mundo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1983
  • Nariz de Vidro - São Paulo, Editora Moderna, 1984
  • O Sapo Amarelo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1984
  • Sapato Furado - São Paulo, FTD Editora, 1994
Antologias
  • Nova Antologia Poética - Rio de Janeiro, Ed. do Autor, 1966
  • Prosa & Verso - Porto Alegre, Editora do Globo, 1978
  • Chew me up Slowly (Caderno H) - Porto Alegre, Editora do Globo / Riocell, 1978
  • Na Volta da Esquina - Porto Alegre, L&PM, 1979
  • Objetos Perdidos y Otros Poemas - Buenos Aires, Calicanto, 1979
  • Nova Antologia Poética - Rio de Janeiro, Codecri, 1981
  • Literatura Comentada - Editora Abril, Seleção e Organização Regina Zilberman, 1982
  • Os Melhores Poemas de Mario Quintana (seleção e introdução de Fausto Cunha)- São Paulo, Editora Global, 1983
  • Primavera Cruza o Rio - Porto Alegre, Editora do Globo, 1985
  • 80 anos de Poesia - São Paulo, Editora Globo, 1986
  • Trinta Poemas - Porto Alegre, Coordenação do Livro e Literatura da SMC, 1990
  • Ora Bolas - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 1994
  • Antologia Poética - Porto Alegre, L&PM, 1997
  • Mario Quintana, Poesia Completa - Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2005
Traduções
  • Dentre os diversos livros que ele traduziu para a Livraria do Globo (Porto Alegre) estão alguns volumes do Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust (talvez seu trabalho de tradução mais reconhecido até hoje), Honoré de Balzac, Voltaire, Virginia Woolf, Graham Greene, Giovanni Papini e Charles Morgan. Além disso, estima-se que Quintana tenha traduzido um sem-número de histórias românticas e contos policiais, sem receber créditos por isso - uma prática comum à época em que atuou na Globo, de 1934 a 1955.
Homenagens 
Manuel Bandeira dedicou-lhe um poema, onde se lê:
Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares…
Insólitos, singulares…
Cantares? Não! Quintanares!
pajador Jayme Caetano Braun, dedicou ao poeta a Payada a Mario Quintana, segue abaixo um trecho da poesia:
Entre os bem-aventurados
Dos quais fala o evangelho,
Eu vejo no mundo velho
Os poetas predestinados,
Eles que foram tocados
Pela graça soberana,
Mas a verdade pampeana
Desta minh’alma irrequieta,
É que poeta nasce poeta
E poeta é o Mario Quintana!
Em Pelotas, há uma escola que recebera o mesmo nome do poeta em sua homenagem. Em Porto Alegre, o poeta dá nome a um bairro da Zona Norte e à linha de onibus correspondente.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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