terça-feira, 1 de outubro de 2019

Nicete Xavier Miessa


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Nicette Bruno
Nicette Bruno em maio de 2008
Nome completoNicete Xavier Miessa
Pseudônimo(s)Nicette Bruno
Nascimento7 de janeiro de 1933 (86 anos)
NiteróiRio de JaneiroBrasil
Nacionalidadebrasileira
ProgenitoresMãe: Eleonor Bruno
ParentescoVanessa Goulart (neta)
CônjugePaulo Goulart (c. 1954; v. 2014)
Filho(s)
Ocupação
Período de atividade1945–presente
Prêmios
Prêmio ABCT
1947: Atriz Revelação — A Filha de Iório
1958: Melhor Atriz — Pedro Mico
Prêmio Governo do Estado do Rio de Janeiro
1958: Melhor Atriz — Pedro Mico
Prêmio Molière
1974: Melhor Atriz — O Efeito dos Raios Gama Sobre as Margaridas do Campo
Troféu APCA
1978: Melhor Atriz — Éramos Seis
1980: Melhor Atriz — Como Salvar Meu Casamento
1998: Melhor Atriz — Somos Irmãs
Prêmio Shell
1998: Melhor Atriz — Somos Irmãs
2006: Troféu Especial — Realizações teatrais ao longo de mais de duas décadas
Troféu Leão Lobo
2006: Melhor Atriz Coadjuvante — Alma Gêmea
Troféu Eusélio Oliveira
2011: Conjunto da Obra — Ela mesma
Troféu Tropeiro
2015: Destaque Nacional na Dramaturgia — Ela mesma
19º Brazilian International Press Awards
2016: Lifetime Achievement Award — Ela mesma
Prêmio Cesgranrio de Teatro
2017: Prêmio Especial — Por seus setenta anos de carreira
Religiãoespiritismo
Nicete Xavier Miessa (Niterói7 de janeiro de 1933), mais conhecida por seu nome artístico Nicette Bruno, é uma atriz brasileira.[1] Nicette realizou sua estreia profissional em 1945, na peça teatral Romeu e Julieta, baseada na obra literária homônima de William Shakespeare.
Filha da atriz Eleonor Bruno, Nicette foi casada com o ator Paulo Goulart, com quem ela teve três filhos, os atores Beth GoulartBárbara Bruno e Paulo Goulart Filho. Seus trabalhos na televisão incluem Bebê a Bordo (1988), Rainha da Sucata (1990), Mulheres de Areia (1993), A Próxima Vítima (1995), Sítio do Picapau Amarelo (2001), Alma Gêmea (2005), Sete Pecados (2008), A Vida da Gente (2012), e outras obras televisivas, sendo pioneira da televisão brasileira e uma das referências na história da teledramaturgia do paísÚnica filha de Sinésio Campos Xavier e da atriz Eleonor Bruno. Nicette começou a carreira artística em influência da própria família, em que praticamente todos os parentes se dedicaram à arte. Quando Nicette tinha apenas quatro anos, declamava e cantava no programa infantil do Alberto Manes, na Rádio Guanabara. Aos cinco anos, começou a estudar piano, no Conservatório Nacional, e a se apresentar como pianista, no mesmo programa, e aos seis, ingressou no balé no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.[3]
Quando tinha onze anos, entrou para o grupo de teatro da Associação Cristã de Moços. Depois, passou pelo Teatro Universitário, de Jerusa Camões, e pelo Teatro do Estudante, dirigido pelo Paschoal Carlos Magno e Maria Jacintha. Aos catorze anos, já era profissional de teatro, contratada pela Companhia Dulcina-Odilon, da atriz Dulcina de Morais.[3]
Em 1952, Nicette conheceu o ator Paulo Goulart, durante a peça Senhorita Minha Mãe, de Louis Verneuil, com quem se casa em 26 de fevereiro de 1954, uma sexta-feira véspera de Carnaval, na Igreja de Santa Cecília, em São Paulo. A cerimônia foi seguida de festa no Teatro Íntimo Nicette Bruno (TINB).[4] Eles tiveram três filhos: Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho – que seguiram a carreira dos pais. Com 56 anos de casamento, tinham sete netos e dois bisnetos.[5] Junto com o marido, a atriz conheceu o kardecismo há mais de quatro décadas, em virtude da morte de um parente seu. A doutrina, que eles transmitiram aos três filhos, os ajudou a superar a perda.[6] Ficou viúva em 2014, quando Paulo Goulart faleceu em decorrência de câncer.[7]

Vida profissional[editar | editar código-fonte]

Em 1945, atuou como Julieta na peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare.[3] Sua estreia oficial aconteceu em 1947, na peça A Filha de Iório, de Gabriel D’Annunzio. Sua atuação lhe valeu a medalha de ouro de Atriz Revelação pela ABCT (Associação Brasileira de Críticos Teatrais). Durante sua adolescência, participou de diversas peças de destaque, como Anjo Negro, de Nelson Rodrigues e O Fantasma de Canterville, baseado em Oscar Wilde.
Aos dezessete anos, fundou, em São Paulo, o Teatro de Alumínio, na Praça das Bandeiras, edifício sede do Teatro Íntimo Nicette Bruno (TINB), companhia criada em 1953. Paulo e Nicette inauguraram o TINB com a peça Ingênua Até Certo Ponto, de Hugh Herbert, com direção de Armando Couto. Em 1958, atuou na premiada criação de Aparecida, em Pedro Mico, de Antônio Callado. Durante as décadas de 1950 e 1960, integrou praticamente todas as principais companhias de teatro do país.[2]
Em 1959, na TV Continental ganhou um papel da destaque, interpretando a personagem-título no seriado ao vivo Dona Jandira em Busca da Felicidade. Sua primeira telenovela foi Os Fantoches (1967), de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior. Nos anos 1960 nas extintas emissoras TV Excelsior e Rede Tupi, atuou em novelas de sucesso na época como A MuralhaO Meu Pé de Laranja LimaRosa dos VentosPapai CoraçãoÉramos Seis e Como Salvar Meu Casamento. Depois, ao transferir-se para a Rede Globo encarnou ainda personagens célebres em novelas como Sétimo SentidoLouco AmorSelva de PedraBebê a BordoRainha da SucataMulheres de Areia, entre outros sucessos.[8]
Em 1962, Nicette e seu marido, a convite de Cláudio Corrêa e Castro, moraram em Curitiba, trabalhando no Teatro Guaíra, lecionando artes cênicas para o projeto Curso Permanente de Teatro e fazendo parte do Teatro de Comédia do Paraná (TCP), em que produziram diversas montagens, como Um Elefante no Caos, de Millôr FernandesA Megera Domada, de Shakespeare e O Santo Milagroso, de Lauro César Muniz.[9]
Sua primeira participação no cinema foi no filme Querida Susana (1947), sob a direção de Alberto Pieralisi. Participou também dos filmes Canto da Saudade (1952),[10] Esquina da Ilusão (1953), A Marcha (1972),[11] Vila Isabel (1998), Zoando na TV (1999), Seja o que Deus Quiser! (2002), A Guerra dos Rocha (2008), A Casa das Horas (2010) e Doidas e Santas (2016),[12] porém sem nunca deixar o teatro.[13]
Nicette caracterizada como Dona Benta, um de seus personagens mais lembrados até hoje.
Em 2001, após ter se afastado por um bom tempo da televisão, encarnou Dona Benta durante quatro anos na segunda versão para a TV do Sítio do Pica-Pau Amarelo, ganhando grande notoriedade com este papel.[14] Em 2005, volta às telenovelas interpretando a divertida e rabugenta sogra Ofélia em Alma Gêmea. Em 2006, faz uma breve, porém significativa participação especial no primeiro capítulo de O Profeta como Tia Cleide. Em 2007, é a vez da humilde e bondosa Dona Juju em Sete Pecados.
Em 2010, dá vida à personagem Júlia Spina em Ti Ti Ti.[15] No ano seguinte, interpreta Iná, em A Vida da Gente.[16] Em 2012, interpreta a matriarca Dona Leonor em Salve Jorge.[17] Em 2013, Nicette trabalhou na novela Joia Rara, interpretando a personagem Santinha.[18] No mesmo ano, Nicette e a sua filha Beth Goulart foram as apresentadoras da cerimônia de premiação da 25ª edição do Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro.[19] Em 2014, a atriz estreou a peça Perdas e Ganhos. O monólogo da escritora Lya Luft, com direção da filha da atriz, Beth Goulart, é uma homenagem ao marido, o ator Paulo Goulart.[20] Em 2015, na novela I Love Paraisópolis, de Alcides Nogueira e Mário Teixeira, Nicette foi Izabelita, uma divertida viúva, acionista majoritária da Pilartex que sofria de Mal de Alzheimer.[21]
Em julho de 2016, Nicette relembrou a personagem Dona Benta da série Sítio do Picapau Amarelo no programa Criança Esperança.[22] Em agosto do mesmo ano, a atriz voltou aos palcos com a peça O Que Terá Acontecido a Baby Jane? ao lado de Eva Wilma. A história é sobre a relação tumultuada entre duas irmãs: Blanche e Jane Hudson.[23] Em 2017, interpreta a bondosa e divertida Elza, tia do protagonista Júlio em Pega Pega, fazendo também uma dupla cômica com Cristina Pereira, sua irmã na trama.[24]

Teatro[editar | editar código-fonte]

AnoTítuloPapelPrêmios e Indicações
1945Romeu e JulietaJulieta
O Fantasma de Canterville
1947A Filha de IórioOrdellaPrêmio ABCT - Atriz revelação
Dias Felizes
Já é Manhã no Mar
3200 Metros de Altitude
1948Anjo Negro
O Balão Que Caiu no Mar
1949O Sorriso de Gioconda
Os Homens
1952Senhorita Minha Mãe
Amor Versus Casamento
1953Ingênua Até Certo Ponto
Week-end
É Proibido Suicidar-se na Primavera
1954Ingenuidade
1955Bife, Bebida e Sexo
1957Os Amantes
Paixão da Terra
A Vida Não É Nossa
1958Pedro MicoAparecida[25]Prêmio ABCT - Melhor atriz
Prêmio Governo do Estado do Rio de Janeiro - Melhor atriz
Inimigos Íntimos
1962Zefa entre os HomensZefa[26]
1963Um Elefante no Caos
1964A Megera Domada
1965O Santo Milagroso
1967Boa Tarde, Excelência
1968Os Últimos
O Olho Azul da Falecida
1974O Efeito dos Raios Gama Sobre as Margaridas do CampoPrêmio Molière - Melhor atriz
O Prisioneiro da Segunda Avenida
1976Classe Média, Televisão Quebrada
1980Dona Rosita, a Solteira
Mãos ao Alto, São Paulo!
1982Agnes de Deus
1984Boa Noite, MãeMãe
1986Trilogia da Louca
1987Aviso Prévio
1988À Margem da Vida
1989Meu Reino por um Cavalo
1990Flávia, Cabeça, Tronco e Membros
1991Céu de Lona
1994Enfim sós
1996Gertrude Stein, Alice Toklas & Pablo Picasso
1997Roque Santeiro
1998Somos IrmãsPrêmio Shell - Melhor atriz
Troféu APCA - Melhor atriz
2000Crimes Delicados
2003Sábado, Domingo e Segunda
2005As Alegres Canções da Montanha
2006O Homem InesperadoMarta[27]
2014Perdas e Ganhos
2016O Que Terá Acontecido a Baby Jane?Blanche Hudson

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Televisão[editar | editar código-fonte]

AnoTítuloPapelNotas
1952A Corda
1952—59Grande Teatro TupiTessaEpisódio: "Os Enamorados"
Episódio: "Um Soldado em Nova York"
Episódio: "De Nova York para Detroit"
Episódio: "Que o Céu a Condene"
Episódio: "De Amor Também se Morre"
Episódio: "Festim Diabólico"
Episódio: "Fugir, Casar ou Morrer"
1953Teatro Nicete BrunoVárias personagens
1958Suspeita
1959—63Dona Jandira em Busca da FelicidadeDona Jandira
1967Os FantochesEstela
1968A MuralhaMargarida Olinto
Legião dos Esquecidos
1969Sangue do Meu SangueClara
1970A GordinhaMônica
O Meu Pé de Laranja LimaCecília
1971A FábricaClara
1972Signo da EsperançaLuiza
Camomila e Bem-me-querMargot
1973Rosa dos VentosMadre Maria das Neves
As Divinas... e MaravilhosasHelena
1976Papai CoraçãoSílvia
1977Éramos SeisEleonora Abílio de Lemos (Dona Lola)
1978Salário MínimoZilda
1979Como Salvar Meu CasamentoIsadora (Dorinha)
1981Obrigado, DoutorIrmã Júlia
1982Sétimo SentidoSara Mendes
1983Louco AmorIsolda Becker
1984Meu Destino É pecarClara Castro
1985Tenda dos MilagresJoana
1986Selva de PedraFanny Marlene
1987HelenaMarilia
1988Bebê a BordoBranca Ladeira
1990Rainha da SucataNeiva Pereira
1992Perigosas PeruasVivian Bergman
1993Mulheres de AreiaJulieta Sampaio (Juju)
1994Incidente em AntaresLanja Vacariano
1995A Próxima VítimaAntonina Giovanni (Nina)
Engraçadinha: Seus Amores e Seus PecadosMaria José (Zezé)
1997O Amor Está no ArÚrsula Souza Carvalho Uchoa
1998LabirintoEdite
1999O Belo e as FerasEleonoraEpisódio: "Desgraça Pouca é Bobagem"
Andando nas NuvensJudite Mota
2000Você DecideZéliaEpisódio: "A Volta"
Aquarela do BrasilGlória
Brava GenteBenonaEpisódio: "O Santo e a Porca"
2001—04Sítio do Picapau AmareloBenta Encerrabodes de Oliveira (Dona Benta)
2005Alma GêmeaOfélia Santini
2006O ProfetaCleide de Oliveira (Tia Cleide)Episódio: "16 de outubro"
A DiaristaJaneEpisódio: "Quem Rouba Tem!"
2007Sete PecadosJulieta Verona (Juju)
2008Dicas de um SedutorRosaEpisódio: "Amor Não Tem Idade"
Nada FofaDona NiceEspecial de Fim de Ano
2010Ti Ti TiJúlia Spina
2011A Vida da GenteIná Fonseca
2012As BrasileirasIsauraEpisódio: "A Mamãe da Barra"
Salve JorgeLeonor Flores Galvão
2013Joia RaraSanta Maria Vidal (Santinha)
2015I Love ParaisópolisIzabel Maria Marins de Albuquerque (Izabelita)[28]
2016Criança EsperançaDona Benta (do Sítio do Picapau Amarelo)[22] / Ela mesmaEspecial
2017Pega PegaElza Mendes da Silva[29]
2018Malhação: Vidas BrasileirasEstela SantosEpisódios: "6–22 de junho"
2019Órfãos da TerraEster Blum[30] [31]

Cinema[editar | editar código-fonte]

AnoTítuloPapel
1947Querida Susana
1952O Canto da SaudadeA Própria
1953Esquina da IlusãoIracema
1972A MarchaLucila[32]
1998Vila Isabel
1999Zoando na TVDona Xênia
2002Seja o que Deus Quiser!Velha maluca
2008A Guerra dos RochaDinorá França (Nonô)
2010A Casa das HorasMrs. Celeste
2016Doidas e SantasElda
2018O Avental RosaDona Tereza

Obras[editar | editar código-fonte]

Em 2010, Nicette lançou o livro Grandes pratos e pequenas histórias de amor em parceria com o seu marido Paulo Goulart. Este livro de culinária traz receitas que o casal criou ou simplesmente testou em seus almoços de domingo, ao lado da família e dos amigos.[33]

Prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

Entre os prêmios e homenagens que coleciona, está Prêmio ABCT de Atriz Revelação na peça A Filha de Iório (1947), Prêmio ABCT e o Prêmio Governo do Estado do Rio de Janeiro de Melhor Atriz no espetáculo teatral Pedro Mico (1958), Prêmio Molière de Melhor Atriz na peça O Efeito dos Raios Gama Sobre as Margaridas do Campo (1974).[34] Nicette foi três vezes premiada com o Troféu APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), como Melhor Atriz na peça Somos Irmãs (1998), nas novelas Éramos Seis (1978) e Como Salvar Meu Casamento (1980). Em 1998, ganhou o Prêmio Shell de Melhor Atriz pelo trabalho na peça teatral Somos Irmãs.[35]
Em 2006, a família Goulart foi homenageada na 18.ª edição do prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro. Paulo Goulart, Nicette Bruno e seus filhos Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho receberam um Troféu Especial, pela união e trabalho desenvolvidos nos palcos em mais de vinte anos de carreira.[36] No mesmo ano, Nicette ganhou o Troféu Leão Lobo na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante pela atuação em Alma Gêmea.[37]
Em setembro de 2010, junto com seu esposo, foi agraciada com a comenda da Ordem do Ipiranga pelo Governo do Estado de São Paulo.[38]
Foi homenageada na 21ª edição do Cine Ceará - Festival Ibero-Americano de Cinema, onde recebeu o Troféu Eusélio Oliveira pelo conjunto da obra, em 2011.[39] Na 8ª edição do Festival de Cinema da Lapa, a atriz recebeu o Troféu Tropeiro, uma homenagem que contempla profissionais da dramaturgia de destaque nacional que tenham nascido ou atuado no Paraná, em 2015.[40] Em maio de 2016, Nicette recebeu o prêmio Lifetime Achievement Award no 19º Brazilian International Press Awards.[41] Em 2017, a atriz foi homenageada na quarta edição do Prêmio Cesgranrio de Teatro, por seus setenta anos de carreira.[42] E, no ano de 2018, recebeu o Troféu Mário Lago pelo conjunto de trabalhos.

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