quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Venceslau Brás

 

Venceslau Brás


Venceslau Brás
9.º  Presidente do Brasil
Período15 de novembro de 1914
15 de novembro de 1918
Vice-presidente Urbano Santos
Antecessor(a)Hermes da Fonseca
Sucessor(a)Delfim Moreira
 Vice-presidente do Brasil
Período15 de novembro de 1910
15 de novembro de 1914
Antecessor(a) Nilo Peçanha
Sucessor(a)Urbano Santos
9.º Presidente de Minas Gerais
Período3 de abril de 1909
7 de setembro de 1910
Antecessor(a)Júlio Bueno Brandão
Sucessor(a)Júlio Bueno Brandão
Deputado Federal por Minas Gerais
Período3 de maio de 1903
2 de abril de 1909
3.º Prefeito de Belo Horizonte
Período27 de outubro de 1898
31 de janeiro de 1899
Antecessor(a)Américo Werneck
Sucessor(a)Francisco Antônio de Sales
Dados pessoais
Nascimento26 de fevereiro de 1868
São Caetano da Vargem GrandeMinas Gerais
Morte15 de maio de 1966 (98 anos)
ItajubáMinas Gerais
Alma materFaculdade de Direito de São Paulo
CônjugeMaria Carneiro Santiago
Filhos7
PartidoRepublicano Mineiro
ReligiãoCatolicismo Romano
Profissãoadvogado
AssinaturaAssinatura de Venceslau Brás

Venceslau Brás Pereira Gomes[nb 1] ONM (São Caetano da Vargem Grande26 de fevereiro de 1868 – Itajubá15 de maio de 1966) foi um advogado e político brasileiropresidente do Brasil entre 1914 e 1918, com um pequeno afastamento de um mês em 1917 por motivo de doença. Seu vice-presidente foi Urbano Santos da Costa Araújo.[1]

Formação e carreira política

Venceslau Brás em 1917.

Era filho de Francisco Brás Pereira Gomes e de Isabel Pereira dos Santos. Nascido na então São Caetano da Vargem Grande, hoje Brasópolis. Seu pai era o chefe político da cidade, a qual leva seu sobrenome.[2]

Venceslau Brás estudou no tradicional Colégio Diocesano de São Paulo nos anos de 1881 a 1884[2] e obteve o diploma de bacharel em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1890.[3] De volta a Minas Gerais, foi advogado e promotor público em Monte Santo de Minas e foi prefeito da cidade destacando-se na sua administração por ter introduzido o sistema de abastecimento de água na cidade. Presidiu a Câmara Municipal de Jacuí, e a seguir foi deputado estadual.

Entre 1898 e 1902 foi secretário do Interior, Justiça e Segurança Pública do Estado. Elegeu-se então deputado federal (chegando a líder da bancada mineira na Câmara dos Deputados) em 1903. Em 1909 assumiu a Presidência de Minas Gerais, onde ficou até se candidatar à vice presidência da república. Foi eleito vice-presidente em 1 de março de 1910, obtendo 406 012 votos, derrotando o candidato da Campanha CivilistaAlbuquerque Lins, que teve 219 106 votos.[4]

Presidente da República

Venceslau Brás declara guerra contra o Império Alemão. Ao seu lado, o ex-presidente da República e ministro interino das Relações Exteriores, Nilo Peçanha, e o presidente de Minas Gerais e futuro presidente da República, Delfim Moreira.

Em 1 de março de 1910 foi eleito vice-presidente da república, tendo Hermes da Fonseca sido eleito presidente, derrotando Rui Barbosa que estava sem apoio, ele conquistou o cargo através da política do café com leite, após os estados de São Paulo e Minas Gerais se reconciliarem com o Tratado de Ouro Fino.[5] Em 1913 seu nome foi proposto como medida reconciliatória entre Minas GeraisSão Paulo e os outros estados, como candidato à sucessão de Hermes. Minas Gerais havia vetado a candidatura de Pinheiro Machado que era apoiado por Hermes da Fonseca, e Rodrigues Alves, que, na época, governava São Paulo, vetara a candidatura Rui Barbosa.[6][5]

Vencesláu Brás foi eleito presidente em 1 de março de 1914, obtendo 532 107 votos contra 47 782 votos dados a Rui Barbosa.[4]

Logo de início, teve de combater a Guerra do Contestado (crise herdada do governo anterior) e, após debelar a revolta, mediou a disputa de terras entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, tendo sido um dos fatores a dar origem ao conflito.[3] Venceslau Brás definiu em 1916 os atuais limites entre Paraná e Santa Catarina. Em 20 de outubro de 1916, os governadores dos dois estados, assinaram, no Palácio do Catete, um acordo que fixava as divisas entre aqueles estados, o qual foi aprovado pelo Congresso Nacional, e publicado pelo decreto 3.304 de 3 de agosto de 1917.[7]

Crises e a Grande Guerra na Europa

Ver artigo principal: Brasil na Primeira Guerra Mundial
Selo brasileiro com a efígie do presidente Venceslau Brás.
Réplica do decreto assinado por Venceslau Brás, após aprovação do Congresso Nacional do Brasil, que declara guerra ao Império Alemão, constituindo a entrada do brasil na Primeira Guerra Mundial.

Enfrentou também diversas manifestações militares, entre elas a Revolta dos Sargentos (1915), que envolvia suboficiais e sargentos.

Vencesláu definiu seu governo como o "Governo da pacificação dos espíritos", que buscou o entendimento nacional depois do conturbado governo de Hermes da Fonseca. Em seu governo ocorrem os chamados "3 G": A Grande Guerra, (como se chamava, na época, a Primeira Guerra Mundial), a Gripe Espanhola, e as Greves de 1917.[3]

Promulgou o primeiro Código Civil brasileiro, que entrou em vigor em 1 de janeiro de 1916 e que foi a primeira lei a grafar o nome Brasil com a letra S.

torpedeamento de navios brasileiros, em 26 de outubro de 1917, por submarinos alemães, levou o Brasil a entrar na Primeira Guerra Mundial.[7] Tendo a participação do país no conflito se resumido ao envio de uma esquadra naval para colaborar na guerra anti-submarina, e uma missão militar à frente ocidental, em 1918.

Devido às dificuldades em importar produtos manufaturados da Europa durante o seu mandato, causadas pela guerra, Venceslau Brás incentivou a industrialização nacional, porém de forma inadequada, já que o país ainda era essencialmente agrícola, e o governo necessitava de armamentos bélicos, que requeriam uma indústria mais sofisticada que a do Brasil de 1914.[7]

Mais de 1 500 pessoas morreram de Gripe Espanhola, em seus últimos anos como presidente da República.[7] Seu mandato terminou em 15 de novembro de 1918, quando o advogado e republicano mineiro Delfim Moreira assumiu o cargo, sem um vice-presidente.[5]

Vida após a presidência e homenagens

Venceslau Brás, em 1961.
Venceslau Brás e seu ministério: marechal José Caetano de Faria (Guerra), Augusto Tavares de Lira (Viação), Lauro Müller (Relações Exteriores) e almirante Alexandrino de Faria Alencar (Marinha). À sua volta, senadoresdeputados e jornalistas.

Morreu em 15 de maio de 1966, em Itajubá, com 98 anos, sendo o mais longevo de todos os presidentes e vice-presidentes brasileiros. Foi sepultado no mesmo dia em Itajubá.[8]

Foi o político que permaneceu mais tempo na condição de ex-presidente e ex-vice-presidente da República, morrendo exatos 47 anos e 6 meses depois de deixar a Presidência e 51 anos e 6 meses depois de deixar a Vice-presidência.

É homenageado por meio de quatro cidades, duas em Minas Gerais, Wenceslau Brás e Brazópolis, outra no Paraná, Wenceslau Brás, e outra em São Paulo, Presidente Venceslau.

Ministérios

1Agricultura, Indústria e ComércioPandiá Calógeras
José Rufino Bezerra Cavalcanti
Carlos Maximiliano Pereira dos Santos
João Gonçalves Pereira Lima
2FazendaSabino Barroso
Pandiá Calógeras
Augusto Tavares de Lira
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada
3GuerraJosé Caetano de Faria
José Bernardino Bormann
4Justiça e Negócios InterioresCarlos Maximiliano Pereira dos Santos
Augusto Tavares de Lira
5MarinhaAlexandrino Faria de Alencar
6Relações ExterioresLauro Müller
Luís Martins de Sousa Dantas
Nilo Peçanha
7Viação e Obras PúblicasAugusto Tavares de Lira

Notas

  1.  A grafia original do nome do biografado, Wenceslau Braz Pereira Gomes, deve ser atualizada conforme a onomástica estabelecida a partir do Formulário Ortográfico de 1943, por seguir as mesmas regras dos substantivos comuns (Academia Brasileira de Letras – Formulário Ortográfico de 1943). Tal norma foi reafirmada pelos subsequentes Acordos Ortográficos da língua portuguesa (Acordo Ortográfico de 1945 e Acordo Ortográfico de 1990). A norma é optativa para nomes de pessoas em vida, a fim de evitar constrangimentos, mas após seu falecimento torna-se obrigatória para publicações, ainda que se possa utilizar a grafia arcaica no foro privado (Formulário Ortográfico de 1943, IX).

Referências

  1.  «Os Presidentes e a República Perfil». Portal Brasil. Consultado em 26 de fevereiro de 2012
  2. ↑ Ir para:a b Foguel, Israel (2019). Brasil: República Federativa. São Paulo: Clube de Autores (managed). p. 68. 344 páginas. Consultado em 26 Fevereiro 2020
  3. ↑ Ir para:a b c Antonio Gasparetto Junior. «Venceslau Brás». História Brasileira. Consultado em 13 de julho de 2012. Arquivado do original em 27 de junho de 2017
  4. ↑ Ir para:a b PORTO, Walter Costa, O voto no Brasil, Editora Topbooks, 2002
  5. ↑ Ir para:a b c Thyago Ribeiro (20 de junho de 2008). «Governo de Wenceslau Brás». InfoEscola. Consultado em 14 de julho de 2012
  6.  BARBOSA, Rui, Campanhas Presidenciais, Livraria Editora Iracema, São Paulo, s/d
  7. ↑ Ir para:a b c d Tiago Dantas. «Venceslau Brás». Brasil Escola. Consultado em 13 de julho de 2012
  8.  «Wenceslau Braz sepultado em Itajubá sem honras militares»memoria.bn.br. Consultado em 2 de outubro de 2021

Bibliografia

  • _______, O governo Wenceslau - 1914-1918, Rio de Janeiro, 1918.
  • BARBOSA, Rui, A Gênese da Candidatura do Sr. Wenceslau Braz, Editora: Typ. & Pap. Almeida Marques, 1915.
  • CAVALCANTI, Pedro, A Presidência Wenceslau Brás, Editora Universidade de Brasília, 1981.
  • KOIFMAN, Fábio, Organizador, Presidentes do Brasil, Editora Rio, 2001.
  • LINS, Francisco, Uma campanha pró Hermes-Wencesláu, Editora Typ. do Diário de Minas, Belo Horizonte, 1910.
  • OLIVEIRA ANDRADE, Darcy Bessone, Wencesláu - Um Pescador na Presidência, Editora S. E. H. P., 1968.
  • RIO, João do, No tempo de Wencesláu, 1º edição, Editora Vilas Boas, 1917.
  • SILVA, Hélio, Venceslau Brás - 9.º Presidente do Brasil, Editora Três, 1983.

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