quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Júlio Prestes

Júlio Prestes (1882-1946) foi o último presidente da República Velha - a República dos fazendeiros ou das oligarquias agrárias. No entanto, não chegou a assumir o cargo, pois um golpe militar entregou o poder a Getúlio Vargas.
Júlio Prestes nasceu em Itapetinga, São Paulo, no dia 15 de março de 1882. Filho de Fernando Prestes de Albuquerque e de Olímpia de Santana Pontes, ele coronel e político, foi presidente de São Paulo entre 1898 e 1900. Júlio iniciou seus estudos em sua cidade natal e em seguida estudou no Ginásio do Estado na cidade de São Paulo. Ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo bacharelando-se em 1906.
Em 1909, Júlio Prestes iniciou sua carreira política. Foi deputado estadual pelo Partido Republicano Paulista. Foi reeleito por vários mandatos permanecendo no cargo até 1923. Em 1924 foi eleito Deputado Federal, onde foi líder da bancada paulista. Foi presidente da Comissão de Finanças e líder da bancada governista do presidente Washington Luís.
Em 1927 foi reeleito com aproximadamente sessenta mil votos, a maior votação do Brasil até então. Porém, nesse mesmo ano, com a morte de Carlos de Campos, o coronel Fernandes Prestes, então vice-presidente do estado de São Paulo, renunciou o cargo e novas eleições foram realizadas. Júlio Prestes foi então eleito presidente do estado de São Paulo.
Durante a gestão, Júlio Prestes realizou diversas obras, entre elas, iniciou a construção da Estação São Paulo da Estrada de ferro Sorocabana, hoje Estação Júlio Prestes. Criou o parque Asa Branca, que preservou uma grande área verde na cidade de São Paulo, construiu os edifícios do Palácio da Justiça, da Faculdade de Medicina, o Instituto Biológico e iniciou a criação do Jardim Botânico de São Paulo.

Eleições de 1930

Em 1929, Júlio Prestes foi indicado por Washington Luís à sucessão presidencial a ser definida em março do ano seguinte. Essa indicação desagradou o Partido Republicano de Minas Gerais, que contava com a indicação do mineiro Antônio Carlos Ribeiro, mantendo o revezamento entre mineiros e paulistas na Presidência da República. Com essa atitude, Washington Luís quebrou o compromisso “Café-com-leite”, e provocou o rompimento das relações entre Minas e São Paulo. Minas procurou apoio no Rio Grande do Sul e na Paraíba. Esses três estados formaram um grupo de oposição, chamado “Aliança Liberal”.
Júlio Prestes passou o governo de São Paulo a seu vice, Heitor Penteado, e candidatou-se à Presidência da República, tendo como vice-presidente Vital Soares, presidente da Bahia. Os candidatos da Aliança Liberal eram o gaúcho Getúlio Vargas, para presidente e o paraibano João Pessoa, para vice. A campanha foi extremamente violenta, um deputado governista foi assassinado a tiros no plenário da Câmara por um colega da oposição. Na votação, fraudes foram praticadas pelos dois lados. Apesar de juntar todas as forças contrárias ao governo, a Aliança Liberal foi derrotada nas eleições realizadas em 1º de maio de 1930.

A luta armada e o golpe de 30

Júlio Prestes foi o vitorioso nas eleições para presidente, contudo não tomou posse. Assim que saiu o resultado oficial das eleições, Júlio Prestes viajou para o exterior, sendo recebido como presidente eleito em Washington, Paris e Londres.
A derrota foi aceita por alguns líderes da Aliança, no entanto, os políticos mais jovens não se conformavam e, mesmo antes das eleições já conspiravam por um levante armado. O comando militar do levante foi oferecido a Luís Carlos Prestes, que se encontrava exilado, mas este o recusou através de um manifesto em maio de 1930. Tendo aderido ao comunismo, Carlos Prestes dizia ser impossível qualquer mudança real com os políticos da Aliança, que eram parte da oligarquia que se desejava derrubar.
No dia 26 de julho, João Pessoa foi morto. O assassinato que se deu por questões políticas internas da Paraíba, foi um pretexto para o início da revolução que teve início no Rio Grande do Sul no dia 3 de outubro de 1930. No dia seguinte, o Nordeste organizou um levante sob a chefia militar de Juarez Távora, com o apoio das tropas estaduais e das forças reunidas dos coronéis.
No dia 24 de outubro, diante da possibilidade de uma violenta guerra civil que colocaria em risco todo o país, as Forças Armadas do Exército e Marinha depuseram o presidente Washington Luís e estabeleceram uma junta governativa que deveria pacificar o país. A junta entregou o poder a Getúlio Vargas, que tomou posse no dia 3 de novembro. Júlio Prestes que havia retornado ao Brasil no dia 6 de agosto foi recebido por uma multidão de admiradores.
Depois de quatro anos exilado em Portugal, Júlio Prestes só retornou ao país após a promulgação da Constituição de 1934. Em 1945, voltou à cena política como um dos representantes da União Democrática Nacional (UDN), partido de oposição à ditadura do Estado Novo.
Júlio Prestes faleceu em São Paulo, no dia 9 de fevereiro de 1946.

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