quarta-feira, 20 de junho de 2018

ESTÁCIO DE SÁ

Nascido por volta de 1520, esse militar português, sobrinho de Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil, chegou à Bahia em 1564, comandando uma expedição que tinha como objetivo expulsar os franceses que haviam se instalado no Rio de Janeiro. Devido às inúmeras dificuldades existentes no início da colonização, somente no ano seguinte, 1565, ele obteve os reforços de que precisava na então capitania de São Vicente, aos quais se juntaram os índios que foram ter com ele graças ao auxílio dos padres jesuítas.
Conseguindo reunir dessa forma uma força de ataque que lhe permitia acreditar no sucesso da missão de que fora encarregado, Estácio de Sã chegou em 1º de março de 1565 à entrada da baía do Rio de Janeiro, desembarcando com seus homens na pequena faixa de terra existentes entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar (ilustração acima), que não é outra senão a praia de Fora, nos terrenos da Fortaleza de São João, no atual bairro da Urca. Ou como Frei Vicente do Salvador escreveria no século 17: “ao pé de um penedo que se vai as nuvens, chamado Pão de Açúcar”. No mesmo dia de seu desembarque ele fundou ali a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Tomando posição junto ao morro ele mandou cavar trincheiras, construir muralhas defensivas e levantar as primeiras casas na área onde hoje funcionam a Fortaleza de São João e o Centro de Capacitação Física do Exército, inclusive uma ermida de taipa e sapê para entronizar a imagem de São Sebastião, lançando dessa forma os fundamentos da cidade carioca (que no linguajar indígena kari + oca, significa “casa branca”, ou “casa do homem branco”). Os franceses investiram contra as fortificações portuguesas em diversas oportunidades, sempre contando com o apoio dos índios tamoios, mas foram repelidos em todas as incursões realizadas.
Essas escaramuças duraram dois anos, até que em 20 de janeiro de 1567, com a chegada da esquadra de Cristóvão de Barros, trazendo reforços comandados pessoalmente por Mem de Sá, os portugueses tomaram a iniciativa dos ataques derrotando os franceses primeiramente em Uruçu-mirim (atual praia do Flamengo) e depois em Paranapuã (a Ilha do Governador dos dias de hoje). Durante o confronto, quando Estácio de Sã estava no sopé do morro onde hoje está o Outeiro da Glória, uma flecha supostamente envenenada lhe vazou o olho direito, provocando sua morte cerca de um mês depois. Seu corpo foi sepultado na pequena ermida de São Sebastião, que mandara erguer (onde ficou até 1583), e mais tarde trasladados para o morro do Castelo, onde a cidade do Rio de Janeiro já se achava estabelecida.
Em trabalho acadêmico sobre a “Evolução Histórica dos bairros de Flamengo e Botafogo, da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro”, os universitários Francisco Fidalgo Romero, José Luis Belo, Luis Marcelo Alves Veloso e Marcelo Sena Gomes, da disciplina História do Rio de Janeiro, do curso de História, do Instituto de Ciências Hu  manas, Letras e Artes da Universidade Veiga de Almeida, ministrada pela professora Vera Lúcia Moraes, esclarecem que:
SA Estacio de 2“Em 1555 os franceses ocupam a cidade, comandados por Nicolau Durand de Villegaignon, e fundam a França Antártica na ilha de Serigipe, depois denominada ilha de Villegaignon. Na época a ilha permitia o controle visual da entrada da baía e da praia do Flamengo. Em 1557 chegam mais franceses comandados por Bois le Conte, este sobrinho de Villegaignon. Em 1560 os portugueses, comandados por Mem de Sá, expulsam os franceses. No entanto, no mesmo ano, os franceses voltam a ocupar a região de Uruçu-Mirim e a ilha de Paranapuâ, atual Ilha do Governador, e constroem duas fortificações. A ilha de Paranapuâ foi denominada pelos europeus de ilha do Gato ou Maracajá, já que lá habitavam os Temiminós os Maracajás (gatos selvagens)”.
“Na vigência da ocupação francesa, em 1565, Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, em 1º de março, funda a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, na praia localizada entre o Pão de Açúcar e o morro Cara de Cão, onde hoje se localiza o bairro da Urca. Este local foi escolhido, porque os Tamoios tinham tabas por todas as praias da Baía de Guanabara. O local atualmente é ocupado pela fortaleza de São João, construída em 1618. No local o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, durante a realização do I Congresso de História Nacional, finca um marco de granito com os dizeres: “Neste local, em 1565, foram lançados os primeiros fundamentos da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Marco comemorativo que mandou erigir o 1º Congresso de História Nacional reunido por iniciativa do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. 7 de setembro de 1914”.
“Em 1567, no dia 20 de janeiro, Estácio de Sá expulsa os franceses, sendo ferido, no sopé do morro onde hoje está o Outeiro da Glória, vindo a falecer poucos dias depois. Do lado português também estava presente o jesuíta José de Anchieta, que enfrentou o inimigo empunhando sua cruz. A cidade, então, transfere-se para a região de Uruçu-Mirim e, logo depois, para a região do morro de São Januário, depois conhecido como morro do Castelo”.
Na ilustração acima, mapa de 1565 mostrando a ilha de Villegaignon

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