Dominicano e inquisidor espanhol, frei Tomás de Torquemada nasceu em Valladolid, Espanha, no ano de 1420, aproximadamente, morrendo em 16 de setembro de 1498, no mosteiro dominicano de Ávila, também na Espanha. Ingressando na Ordem de São Domingos, celebrizou-se ali por sua cultura e devoção, sendo por isso escolhido, em 1482, como um dos inquisidores da fé. Nessa função o frei se destacou mais uma vez pelo empenho e dedicação com que desempenhava as atividades sob sua responsabilidade, tanto que no ano seguinte foi promovido a inquisidor-geral.
Sua primeira providência nessa nova função foi procurar a ajuda de dois experientes entendidos em leis, João de Chaves e Tristão de Medina, para que redigissem as Instruções e Ordenanças dos Inquisidores, com cerca de 28 artigos que orientavam os inquisidores no julgamento de crimes de heresia, apostasia, feitiçaria, bigamia, usura e blasfêmia, e autorizava a prática de tortura para obter as evidências necessárias, caso o acusado se recusasse a confessar a prática dos atos de que era acusado.
Essas normas foram publicadas na Assembléia de Sevilha, e delas Torquemada se valeu para dirigir durante quatorze anos as operações do Santo Ofício com tamanho zelo, que só no auto-de-fé (proclamação e execução da sentença proferida pela Inquisição contra o herege, ordinariamente condenado à fogueira) celebrado em Toledo, em 10 de março de 1487, cerca de duzentos condenados foram entregues à justiça secular.
O sacerdote e historiador espanhol Juan Llorente (1756-1823), autor do livro História da Inquisição, publicado em 1818, avalia em cerca de 8.800 o número de pessoas condenadas à fogueira pelo frei, e em 96.504 o total de homens e mulheres penalizados por ele com outros castigos. Para cumprir a missão que lhe entregaram, Torquemada construiu quatro tribunais, em Sevilha, Córdova, Jaén e Villareal, sendo este último transferido depois para Toledo.
Durante seu trabalho ele provocou ódios em todas as partes, sendo forçado a enviar, por três vezes, um agente a Roma, para desculpar-se diante do papa. E essa situação constrangedora chegou a tal ponto que em suas viagens o religioso contava com a proteção de uma escolta composta por cinqüenta cavaleiros e duzentos infantes, tendo sempre à mesa um chifre de unicórnio para se defender de possíveis tentativas de envenenamentos.
Frei Tomás de Torquemada foi um dos principais responsáveis pela expulsão dos judeus das terras espanholas, decretada por Fernando e Isabel no ano de 1492, o que determinou a fuga de um milhão deles para fora do país, a fim de escapar às perseguições. No fim da vida o inquisidor-geral retirou-se para o mosteiro dominicano de Ávila, onde morreu. Um drama em quatro atos, sob o título de Torquemada, foi publicado em 1882, por Vitor Hugo, baseado na vida do inquisidor.
O livro “Torquemada – Inquisidor e Herege”, Manuel Barrios, Guerra e Paz Editores – Lisboa – Portugal, e-mail www.geral@sodilivros.pt,, diz em sua apresentação:
“O mais feroz inimigo q ue teve a Igreja Católica”. É assim que é descrito frei Tomás de Torquemada, Inquisidor Geral de Espanha e um dos vultos mais destacados do lado sombrio da História Mundial. Torquemada chegou mesmo a afirmar que um inquisidor usufrui de maior poder do que os bispos ou os cardeais, já que só ele pode ler os livros proibidos. Esta é a biografia de um frade dominicano que, com a conivência da Coroa Espanhola, mandou assassinar 114.400 pessoas em nome de Deus, convertendo a Inquisição Espanhola no instrumento mais cruel de todo o continente europeu durante o século XV. Aqui se retratam as suas duas grandes facetas: inquisidor e, paradoxalmente, herege.
E na contracapa:
Para o caso histórico que estamos a tratar – a temível criação dos tribunais da Inquisição – vemos que, na execução do plano, meticulosamente estudado, coincidem os agentes capazes de levar a bom termo o diabólico projeto: os reis do país chamado a ser o mais poderoso do mundo – Isabel I de Castela e Fernando V de Aragão – o Grande Inquisidor Torquemada, impassível frente à mais extrema crueldade, os arautos encarregados de manter viva a chama do ódio e os três Pontífices mais mundanos da História.
É imprescindível esboçar a semelhança existente entre todos eles, com o fim de demonstrar que, uma vez conseguida a conjunção de tais poderes, foi possível ativar o impulso necessário para a consumação do Primeiro Holocausto.
Sua biografia esclarece: Célebre pelo fanatismo religioso e crueldade, seu nome tornou-se símbolo da temível instituição (Inquisição) e chegou a ofuscar o poder real. Embora de origem judaica agiu com crueldade e fanatismo contra judeus, mouros e cidadãos suspeitos de heresia, blasfêmia, bigamia e outras práticas consideradas criminosas pelo Santo Ofício, em nome da ortodoxia católica. Seu fanatismo superou a sábia política de tolerância religiosa dos Reis Católicos, que suspenderam uma sábia política de tolerância religiosa e implantaram medidas repressivas não só contra os mouros, mas também contra judeus e marranos, assim denominados os judeus convertidos ao catolicismo, embora ele próprio fosse um deles, pois seu “poder econômico e financeiro” constituiria uma ameaça ao trono.
Cerca de 170.000 judeus foram expulsos da Espanha pelo edito real de 31 de março (1492), que estipulava o exíguo prazo de quatro meses para se retirarem do país sem levar dinheiro, ouro ou prata. Estima-se em cerca de dois mil condenados foram mortos na fogueira durante sua gestão a frente da Inquisição. Temendo pelos seus excessos o papa Alexandre VI viu-se obrigado a nomear quatro inquisidores auxiliares para refreá-lo (1494).
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