Xerxes I (519-465 a.C.), filho de Dario l, assumiu o trono da Pérsia em 486 a.C. por designação do próprio pai, apesar de não ser o filho primogênito. Mas as derrotas sofridas nas campanhas militares que realizou durante a segunda guerra, principalmente as acontecidas na batalha naval de Salamina, em 480 a.C., quando foi derrotado pelos gregos comandados por Temístocles; a de Micale, antigo nome de um promontório ao sul de Jônia, costa da Ásia Menor, em 479 a.C.; e no combate de Platéia, também em 479 a.C., quando espartanos e atenienses venceram o exército persa de 300 mil soldados que Xerxes deixara na Grécia ao se retirar para a Ásia depois de vencido em Salamina, provocaram o início da decadência do império persa e deram ao seu reinado uma fama negativa.
Para isso a ação junto aos muros de Platéia foi decisiva porque livrou definitivamente a Grécia da ameaça persa. Participaram dela o exército invasor comandado por Mardônio, formado por 300.000 soldados e 50.000 gregos que se juntaram a eles; e de outro cerca de 106.000 espartanos e atenienses, efetivo inferior ao do inimigo não só em número, mas também pela absoluta falta de cavalaria, pois os Estados gregos que dela dispunham haviam-se passado para o lado persa. Pouco antes do embate uma parte desse exército de resistência havia obedecido à ordem de retirada que recebera no início da ação, a fim de se colocar atrás de uns pântanos, mas alguns contingentes recusaram-se a “recuar ante os bárbaros”.
Os persas, vendo que os gregos se retiravam, lançaram-se ao ataque, mas foram apanhados de surpresa pelas tropas lideradas por Pausânias, que se mantinham em linha. Em seguida, espartanos e atenienses assaltaram o acampamento fortificado de Macedônio, transformando esse ataque em carnificina da qual sobreviveram apenas 3.000 homens do exército inimigo. O prêmio de honra por essa vitória coube à República de Platéia, que pelo sacrifício na luta contra o invasor teve seu território declarado sagrado e inviolável. O que não impediu que, posteriormente, fosse destruída duas vezes pelas tropas de Tebas: a primeira vez em 427 a.C, e a segunda em 373 a.C., quando então decaiu de importância.
No início de seu reinado, Xerxes, logo após assumir o trono, empreendeu a pacificação do Egito e em seguida sufocou as revoltas na Babilônia. Mas desejando vingar-se da derrota sofrida por seu pai diante dos gregos, na batalha de Maratona (490 a.C.), cruzou o estreito de Helesponto (atual Dardanelos) em ponte feita de embarcações, construiu um canal através da península de Atos, para permitir a passagem da sua frota, e conseguiu derrotar Leônidas no desfiladeiro das Termópilas, saqueando a Ática e arrasando os santuários da acrópole ateniense.
Porém, com a reorganização da frota grega Xerxes acabou sendo derrotado no estreito compreendido entre a Ática e a ilha de Salamina (480 a.C.), e por isso recuou para a Ásia, mas deixando na Grécia duas unidades do seu exército sob o comando do primo Mardônio. Este também foi derrotado e morto na batalha de Platéia, e em conseqüência disso os soldados persas remanescentes puseram-se em fuga, acelerando a vitória total dos gregos e fazendo com que o monarca persa abandonasse de vez suas ambições militares.
Nos últimos anos do seu reinado Xerxes dedicou-se à construção de inúmeros palácios e monumentos que contribuíram para o embelezamento da cidade de Persópolis. Também mandou erigir o seu próprio palácio, em tudo semelhante ao de Dario, além de um misterioso edifício ao qual os arqueólogos deram o nome de Harém, composto de uma série de aposentos idênticos e sucessivos, e que se acredita tenha servido para guardar os tesouros do império. Ocupou-se ainda com diversas questões religiosas, sendo aceita a hipótese de que tenha imposto o zoroatrismo entre seus súditos.
Xerxes I foi assassinado em Persópolis por seus conselheiros Artapano e o eunuco Aspamitres, que convenceram Artaxerdes, um dos filhos do rei morto, de que seu irmão Dario, primeiro na ordem de sucessão por ser o primogênito, teria matado o próprio pai. Preso e conduzido ao palácio, Dario negou qualquer participação no crime, mas mesmo assim acabou sendo executado. Pouco depois o general Megabizo, governador de província, revelou a Artaxerxes que Artapano e Aspamitres conspiravam contra ele, e por isso os dois foram executados.
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