Rei da Pérsia e filho de Histaspes, Dario I (550-485 a.C.) foi um dos sete nobres que destronaram o usurpador Gaumata em 521 a.C.. Depois que os conspiradores depuseram o impostor, concordaram em se reunir a cavalo, às primeiras horas da manhã seguinte, e em escolher como rei aquele cujo animal rinchasse primeiro após o nascer do Sol.
Diz a tradição que Dario venceu a competição graças a um estratagema do seu escudeiro Ebarés, que durante a noite, às escondidas, levou o cavalo do amo, juntamente com uma égua, para o lugar combinado, e graças a esse ardil a montaria de Dario foi a primeira a rinchar (na ilustração, relevo em pedra representa Dario I, o Grande (à direita), e seu filho e sucessor, Xerxes I).
O historiador grego Heródoto dá versão um pouco diferente ao episódio, explicando que a ascensão de Dario ao trono se deu por meio de uma espécie de sortilégio entre os líderes do golpe: antes do amanhecer, cavalgariam, todos juntos, pela planície, em direção ao nascente, e se o cavalo de algum deles se empinasse e relinchasse no instante em que o sol despontasse no horizonte, isto seria um sinal divino indicando quem deveria ser o imperador. Empinou-se, e relinchou, para o sol nascente, o cavalo de Dario.
Durante os séculos 6 e 5 antes de Cristo., os persas estenderam seu domínio às regiões da Anatólia, da Síria, da Palestina, do Egito, da Armênia e da Mesopotâmia, além do próprio planalto do Irã. O rei Dario I, senhor desse grande império, preocupou-se primeiramente em consolidar a defesa de suas fronteiras, aumentando, para isso, o número de arqueiros em seus efetivos militares.
Durante o reinado de Dario (522-486 a.C.), o império foi organizado em vinte satrápias que pagavam tributos. O rei estabeleceu um código legal completo, uma moeda estável e um eficiente sistema de correios. A natureza cosmopolita do império reflete-se no grande palácio construído em Persépolis, onde os estilos arquitetônicos variam desde colunas lídias ou gregas, a cornijas egípcias.
Os relevos esculpidos na escadaria cerimonial que levava até a “apadana”, ou sala de audiência, representam delegações de 23 povos trazendo presentes ou tributos, tais como vasilhames metálicos, roupas, presas de elefantes e ouro, junto com animais exóticos como um antílope, um ocapi (espécie de antílope) e um camelo.
Restabelecida a ordem em seu império, Dario tratou então de iniciar a reforma administrativa implantando um sistema econômico que adotou o dárico como unidade monetária, criando, ao mesmo tempo, um eficiente sistema postal e desenvolvendo a agricultura e a criação de animais domésticos.
Iniciou a construção de grandes obras, como os palácios de Susa de Persépolis, dando impulso, também, à nova religião persa baseada na doutrina de Zaratustra (ou Zoroastro, para os gregos), mas respeitando e protegendo os outros cultos praticados no império. Empreendeu diversas conquistas militares e submeteu as tribos árabes do deserto da Síria e da costa da Líbia. Ao incorporar esses novos territórios ao seu vasto império, Dario deu continuidade aos planos de hegemonia universal de seu antecessor Ciro, criador do império persa, que morre ra em 529 a.C..
Conquistou o Egito (518 a. C.), a região do Indo (513 a. C.), a Trácia e a Macedônia (512 a. C.), porém fracassou na tentativa de submeter os gregos, que na defesa deseus interesses não se submeteram à política expansionista dos persas (na ilustração ao lado, ruínas do palácio de Dario I, em Persepólis).
Segundo o historiador grego Heródoto, na primeira guerra, em 499 a.C., Atenas apoiou a revolta das colônias jônicas da Anatólia, então sob domínio persa e, em represália, o soberano persa enviou contra os atenienses uma expedição comandada pelo seu genro e sobrinho, general Mardônio (492 a. C). Como este não obteve sucesso, uma segunda expedição, chefiada por Datis e Artafernes, foi enviada em 490 a.C., mas esta também fracassou: dez mil atenienses comandados por Milcíades, venceram os persas na famosa batalha de Maratona.
O reinado caracterizou-se por vários acontecimentos importantes. Em um deles, marchou contra a Caldéia a fim de debelar uma revolta. Os caldeus foram derrotados em duas batalhas, mas se refugiaram na Babilônia e ali resistiram durante vinte meses, até serem vencidos em 519 a.C., tendo todos os habitantes da cidade sido mortos ou então reduzidos à escravidão. De 518 a 513 a.C. ele reprimiu outras revoltas inclusive na própria Pérsia,
Dario morreu quando preparava uma nova investida contra os gregos e tratava de submeter o Egito, que tinha se sublevado. Deixou muitos filhos, entre os quais Xerxes, que o sucedeu, e pelos inúmeros feitos que realizou durante seu reinado, recebeu o cognome de o Grande. A história do seu reinado ficou inscrita na montanha de Behistun, onde atualmente se situa o Curdistão.
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