Nascido em Trás-os-Montes, Portugal, por volta de 1480, esse navegador lusitano foi educado na corte de seu país, prestando serviços militares nas Índias Ocidentais (1505-1512) e no Marrocos (1513-1514). Perdendo os favores do rei Manoel I, sob a acusação de negociar com os mouros, ele não conseguiu que o soberano português o apoiasse no projeto de encontrar uma passagem ocidental para as Molucas, grupo de ilhas do arquipélago da Malásia.
Daí, renunciando à cidadania portuguesa, ofereceu seus préstimos (em 1517) ao imperador Carlos V, da Espanha, que se interessou pelos seus planos e o designou, juntamente com outro aventureiro português, comandante de uma esquadra composta por 5 navios e 265 homens, que zarpou do porto de Sanlucar de Barrameda, na província de Cadiz, em 20 se setembro de 1519.
A expedição alcançou a baía do Rio de Janeiro em dezembro do mesmo ano, explorou o rio da Prata em janeiro e fevereiro de 1520, e no dia 31 de março seguinte, quando buscava uma passagem para o oriente, ancorou na baía de San Julian, na Patagônia, Argentina, onde Magalhães resolveu permanecer até terminar o inverno. Os capitães e tripulações de três dos seus navios, bem como o inspetor que acompanhava a expedição, então se rebelaram contra a ordem e organizaram um motim, sufocado pelo explorador. Logo depois, uma das unidades da esquadra, dirigindo-se para o sul, desapareceu.
Com a volta da primavera no hemisfério ocidental, a esquadra se fez novamente ao mar, e em 21 de outubro de 1520 atingiu a entrada de uma passagem para oeste, à qual Fernão de Magalhães denominou de Todos os Santos, e que, atualmente, tem o seu nome (Estreito de Magalhães). Atravessando-o, o navegador entrou num oceano que batizou com o nome de Pacífico, e nele navegou para o norte, noroeste e oeste, sucessivamente, período em que os tripulantes foram dizimados pelo escorbuto em virtude da má alimentação e falta de água.
Nesse curso alcançou a ilha dos Ladrões (assim chamada pela tripulação das naus em virtude dos nativos terem furtado alguns objetos dos navios), hoje denominadas Marianas, e outras mais, mas em virtude das informações erradas que lhe foram dadas quanto à localização das ilhas Molucas (conhecidas como ilha das Especiarias), não conseguiu encontrá-las.
Em contrapartida, no dia 16 de março de 1521, Fernão de Magalhães descobriu um grupo de ilhas a que deu o nome de Filipinas. O rei de Cebu, uma das ilhas desse arquipélago na Oceania, recebeu os visitantes cordialmente, prometendo obediência à Espanha e sendo até mesmo batizado juntamente com várias centenas de seus súditos. O mesmo, entretanto, não aconteceu com o da ilha de Mactan (27 de abril de 1521), que por ser mais rebelde se insurgiu contra as propostas que lhe foram feitas. Houve então uma luta na qual pereceram vários espanhóis, entre eles, Fernão de Magalhães.
Na mesma ocasião, o rei de Cebu, arrependendo-se da confiança que depositara nos visitantes, revoltou-se, matando 27 deles, inclusive dois capitães. Os sobreviventes, após queimarem um dos navios, prosseguiram viagem, descobrindo Bornéu e finalmente alcançando as Molucas, onde carregaram de especiarias a embarcação restante e iniciaram a viagem de retorno, completando, assim, a primeira viagem de circunavegação do globo.
Relatando a morte de Fernão de Magalhães, o biógrafo português Fernando Correia da Silva, coordenador de Vidas Lusófonas, site na internet, diz que:
“De Saluan, Magalhães passa à ilha de Massava. E de Massava passa à ilha de Cabu, a maior do arquipélago. Usando o escravo Henrique como língua, durante uma semana conferencia com o soberano local. Afinal, o disciplinador também sabe conversar, convencer e seduzir. E assim converte ao cristianismo o rei de Cebu. Este, por sua vez, declara-se aliado de Carlos V. Magalhães proclama-o senhor do arquipélago, ao qual todos os reis das outras ilhas devem obediência. E resolver participar numa incursão punitiva contra a ilha de Mactan, cujo rei não quer reconhecer a nova autoridade”,
“Para ganhar para os seus a fama de invencível, desembarca com poucos homens em Mactan. Raciocínio politicamente justo. Não conta é com os recifes de corais que impedem a aproximação dos escaleres com bombardas (peça de artilharia). O seu grupo é cercado por uma horda de nativos. Luta demoradamente, sem arredar pé nem tentar a fuga. Uma seta crava-lhe no rosto. E logo outra num braço. E a terceira numa das pernas. Tomba o capitão-general e os nativos saltam sobre ele, despedaçam-no. Assim tiraram a vida ao nosso espelho, à nossa luz, ao nosso amparo, ao nosso capitão fiel, escreverá mais tarde um dos tripulantes, o italiano Pigaffeta”.
“Desaparecido o capitão-general, a tripulação descamba em roubos e desordens. Durante um banquete, capitães e mestres de navegação são trucidados pelos guerreiros do rei de Cebu. Entre eles, Duarte Barbosa, cunhado de Magalhães. Os sobreviventes levantam ferro. Durante seis meses navegam às cegas, pirataria garante-lhes abastecimento.
Por sorte alcançam Temate. São informados que Francisco Serrão morrera há cerca de um mês. Conhecida é já a rota por ocidente, Mas 60 tripulantes optam por ficar em Tidore, outra das Molucas. Sebastian d’Elcano assume o comando. Ali abandona a Trinidad que mete água e incendeia a Concepcion. Carrega com especiarias a Victoria. Atravessa o Índico. Dobra o Cabo da Boa Esperança a 18 de maio de 1522. A 5 de setembro lança ferro em Sanlucar de Barrameda. Assim termina a primeira volta ao mundo. Dos 250 homens, regressam 18 espectros”.
“As especiarias de um único navio cobrem todos os custos da expedição, dão lucro ainda. Fizeram desaparecer o diário de bordo de Fernão de Magalhães, e Sebastian d’Elcano, que participara do motim, é glorificado. Passa a ter direito a usar brasão. Ninguém fala em Magalhães. A não ser um italiano chamado Pigaffeta”.
“Em 1529, por 350.000 cruzados, as ilhas das especiarias serão vendidas por Carlos V, de Espanha, a D, João III, de Portugal”..
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