Natural de Porto Alegre, (RS), o engenheiro militar Luis Carlos Prestes (1898-1990) foi o comandante da marcha que ficou conhecida como Coluna Prestes, realizada pelo interior do país. Formado em engenharia pela Escola Militar de Realengo (1919), participou no Rio de Janeiro (1922) das reuniões que preparavam o levante de 5 de julho, iniciando o ciclo de revoltas tenentistas. Mas não participou das ações porque se encontrava acamado no momento da revolta, vítima de febre tifóide. Em setembro desse ano, foi transferido para o 1º Batalhão Ferroviário, em Santo Ângelo (RS), de onde se licenciou após comprometer-se com o movimento rebelde de 1924.
Em outubro de 1924 as guarnições do interior do Rio Grande se sublevaram, lideradas por Prestes e apoiadas por tropas irregulares gaúchas, mas sendo derrotadas se dirigiram para o Paraná em abril de 1925, onde encontraram as forças paulistas desalojadas de São Paulo, se uniram a elas e formaram o contingente rebelde que tomou o nome de coluna Prestes. Por quase dois anos os 1.500 homens que a compunham percorreu 25 mil quilômetros pelo interior do país, passando por 13 estados da federação e se internando na Bolívia em fevereiro de 1927, sem ter sofrido derrota para as forças legalistas que a perseguiam. Isso acarretou a Prestes enorme prestígio político, valendo-lhe o título de Cavaleiro da Esperança
No final de 1928 Prestes se transferiu para a Argentina, onde conheceu importantes líderes comunistas. No ano seguinte apoiou a candidatura de Getúlio Vargas à presidência, sendo convidado, após a derrota eleitoral deste, a assumir a chefia militar do movimento contra Washington Luís, mas recusou a tarefa. Em 1930 criou a Liga de Ação Revolucionária (LAR), organização extinta logo depois, e como suas relações com o PCB estavam sendo dificultadas pela radicalização do partido, mudou-se para Montevidéu. Em novembro de 1931, foi morar na União Soviética a convite do governo daquele país, e lá se dedicou ao estudo do marxismo-leninismo, sendo aceito como membro do PCB em agosto de 1934.
Logo depois, durante uma reunião em Moscou, decidiu-se promover uma revolução armada no Brasil, cabendo a Prestes dirigi-la. Assim, em dezembro daquele ano ele deixou a União Soviética com destino ao Brasil, acompanhado por Olga Benário, militante com quem se casara. Ao chegar ao Brasil, o casal manteve-se na clandestinidade.
No início de 1935 foi fundada no Brasil a Aliança Nacional Libertadora (ANL), reunindo socialistas, comunistas e tenentes descontentes com o governo Vargas, cujo programa era considerado antifascista e antiimperialista, e em março, quando de seu lançamento, Prestes foi indicado presidente de honra. Ele acompanhou o crescimento da ANL, e sempre na clandestinidade buscou restabelecer antigos contatos nos meios militares. Em julho divulgou manifesto pregando a derrubada do governo e exigindo todo o poder à ANL, do que Vargas se aproveitou para colocar a organização na ilegalidade. Isso não impediu que Prestes continuasse a preparar o levante, que teve início em novembro, na cidade de Natal (RN), logo seguido por guarnições do exército em Recife e no Distrito Federal.
O governo controlou a situação com facilidade e desencadeou violenta repressão aos grupos de oposição, vinculados ou não ao levante. Em março de 1936, Prestes e Olga Benário foram presos. Meses depois, Olga foi entregue à Alemanha, morrendo executada . A filha do casal, Anita Leocádia Prestes, nascida em campo de concentração, acabou sendo resgatada por sua avó paterna após intensa campanha internacional. Em 1943, ainda na prisão, Prestes foi eleito secretário-geral do PCB, e com a redemocratização do país, em 1945, acabou sendo libertado, ao mesmo tempo em que o PCB conquistava a legalidade. Nas eleições realizadas em dezembro daquele ano, após a deposição de Vargas, elegeu-se senador pelo Distrito Federal e participou, no ano seguinte, da elaboração da nova Constituição do país.
Mas em maio de 1947 o registro do partido foi cancelado e, em janeiro do ano seguinte, seus parlamentares, entre eles Prestes, cassados. Voltou, então, a viver na clandestinidade. Em 1950, negou-se a apoiar qualquer candidato nas eleições que reconduziram Vargas ao poder, fez oposição ao novo governo, e após o suicídio de Vargas, em agosto, de 1954, apoiou a eleição de Juscelino Kubitscheck, voltando a apresentar-se publicamente embora o partido continuasse na ilegalidade. No começo da década de 60 deu apoio ao governo de João Goulart, pressionando-o para acelerar a realização das reformas de base propostas pelo próprio presidente.
Com o golpe militar de 1964 e a volta do país ao regime ditatorial, foi obrigado, mais uma vez, a viver na clandestinidade. Em 1971, deixou o país e exilou-se na União Soviética. Voltou anistiado ao Brasil em 1979, quando já se manifestavam sérias divergências no interior do PCB, que acabaram levando ao seu afastamento da secretaria-geral e, em seguida, à sua saída do partido que dirigira por mais de 30 anos.
Na década de 80 orientou seus seguidores a que ingressassem no Partido Democrático Trabalhista (PDT), agremiação liderada por Leonel Brizola. Morreu no Rio de Janeiro, em 1990 aos 92 anos de idade.
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