terça-feira, 12 de junho de 2018

Anita Garibaldi


GARIBALDI, Anita 1Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi, nasceu em Morrinhos, Santa Catarina, por volta de 1821, e morreu numa propriedade rural perto de Ravena, na Itália, em 4 de agosto de 1849. Era de família modesta, descendente de portugueses vindos dos Açores para a província de Santa Catarina, no século 18.
Após a morte do pai, Anita teve que ajudar no sustento familiar, e por insistência materna casou-se, em 30 de agosto de 1835, aos catorze anos, com Manuel Duarte de Aguiar, na Igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos da Laguna. Depois de somente três anos de matrimônio, o marido alistou-se no exército imperial, abandonando a jovem esposa.
Em agosto de 1839, na cidade de Laguna, Santa Catarina, que os revolucionários gaúchos da Guerra dos Farrapos tinham ocupado em julho, e ali proclamado a República Juliana, ela conheceu o italiano Giuseppe Garibaldi, por quem acabou se enamorando. Por isso, em 23 de outubro de 1839 embarcou com ele no navio Rio Pardo, para enfrentar a esquadra legalista, participando, dias depois, de inúmeros combates, até ser aprisionada em Curitibanos pelas forças imperiais no início de 1840.
Mas o comandante do exército imperial, admirado de seu temperamento indômito, deixou-se convencer a deixá-la procurar o cadáver do marido, supostamente morto na batalha. Em um instante de distração dos guardas, tomou um cavalo e fugiu. Após atravessar a nado com o cavalo o rio Canoas, chegou ao Rio Grande do Sul e encontrou-se com Garibaldi em Vacaria.
Em 16 de setembro de 1840 deu à luz o seu primeiro filho, Menotti, nome dado em homenagem ao patriota italiano Ciro Menotti. Porém, poucos dias depois, quando o exército imperial cercou a casa onde ela se abrigava, Anita fugiu a cavalo com o recém-nascido nos braços e alcançou o bosque, onde ficou escondida por quatro dias, até que Garibaldi a encontrou. Passados alguns meses, os farrapos não resistiram à grande superioridade numérica das forças inimigas e iniciaram, então, uma penosa retirada que lhes acarretou muitas privações.
Em 1841, quando a situação militar da República Rio-grandense tornou-se insustentável, Garibaldi solicitou e obteve de Bento Gonçalves a permissão para deixar o exército republicano, razão pela qual Anita, Giuseppe e Menotti transferiram-se para Montevidéu, no Uruguai, onde permaneceram por sete anos. Em 1842 oficializaram sua união, casando-se na paróquia de San Bernardino. No Uruguai nasceram os outros três filhos do casal: Rosa (1843), Teresa (1845) e Ricciotti (1847). Rosa faleceu aos dois anos de idade por asfixia, por causa de uma infecção na garganta.
GARIBALDI Anita 2Em dezembro de 1847, ela e os três filhos embarcaram para a Itália, onde eclodiam manifestações patrióticas prenunciadoras das lutas decisivas que iriam acontecer mais adiante em nome da unidade e independência do país, e dois meses mais tarde reuniu-se ao marido em Nice, acompanhando-o à Toscana, em outubro de 1848.
Pouco depois Garibaldi partiu para Florença, com a intenção de participar da defesa de Veneza contra os austríacos, só reencontrando a esposa em 9 de fevereiro de 1849, quando os dois presenciaram a proclamação da República Romana. Mas a invasão franco-austríaca de Roma os obrigou a abandonar a cidade juntamente com 3.900 companheiros (800 deles a cavalo). Em sua perseguição saíram três exércitos (franceses, espanhóis e napolitanos) com quarenta mil soldados. Ao norte lhes esperava o exército austríaco, com quinze mil homens.
Como Anita se achasse em adiantado estado de gravidez, acabou adoecendo, mas mesmo assim não quis abandonar o marido que reunira seus homens em barcos de pesca, pretendendo chegar dessa forma a Veneza. Apesar do esforço, ele não conseguiu realizar seu intento porque quase todas as embarcações foram capturadas pelos austríacos, mas aquela em que Anita, Giuseppe e alguns legionários viajavam, encalhou em uma praia.
Os fugitivos abrigaram-se em uma pequena propriedade rural perto de Ravena, aonde Anita chegou em péssimas condições de saúde, vindo a falecer logo depois. Caçado pelos austríacos, sem nem sequer poder acompanhar o sepultamento da esposa, Garibaldi saiu outra vez para o exílio, e nos dez anos em que esteve fora da Itália, os restos mortais de Anita foram exumados nada menos que sete vezes. Por vontade do marido seu corpo foi transferido para Nice e sepultado em Roma, em 1932.
Diversos monumentos foram erguidos em homenagem à heroína, tanto no Brasil como na Itália, inclusive um em Roma, inaugurado no cinqüentenário da morte de Giuseppe Garibaldi, e onde se depositaram as cinzas de Anita. Mas ela não foi esquecida pelos seus conterrâneos, que lhe honraram a memória dando seu nome a dois municípios no estado de Santa Catarina: Anita Garibaldi e Anitápolis.

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