Nascido em Boston (19/01/1809) e falecido em Baltimore (17/10/1849), o poeta e escritor norte-americano era filho de atores. Com a morte do pai em 1810, e da mãe no ano seguinte, ambos vitimados pela tuberculose, foi adotado por John Allan, seu padrinho, um rico negociante escocês, com quem viajou para a Escócia e Inglaterra, de onde retornou em 1820, indo morar na cidade de Richmond.
Matriculado em 1826 na recém-fundada Universidade de Virgínia, ali começou a beber e jogar, tornando-se, a partir de então, um alcoólatra inveterado. Abandonando os estudos em março de 1827, dirigiu-se para Boston, onde imprimiu o seu primeiro volume de versos: Tamerlão e Outros Poemas, por um Bostoniano. Em maio desse mesmo ano ingressou na Academia Militar de West Point, da qual foi expulso pouco tempo depois por não ter se adaptado à disciplina militar.
Dois anos depois (1829), publicou em Baltimore seu segundo livro de versos – Al Aaaraf, Tamerlão e Poemas Menores. Em 1831 começou a escrever histórias em prosa, que tinham boa aceitação nos jornais e lhe garantiam melhor remuneração que a conseguida com as poesias. Surgiram então os seus Contos de Folio Clube, alguns dos quais se tornaram famosos, como Manuscrito Achado Numa Garrafa, Berenice, Morela e outros. Em julho de 1833, época em que se encontrava mergulhado em profunda miséria física e moral, alguns intelectuais decidiram ajudá-lo nomeado-o vice-diretor do Southern LIterary Messernger, de Richmond, mas como sua permanente morbidez o levava a continuar bebendo de forma descontrolada, acabou sendo afastado do cargo que ocupava na direção do jornal.
Em razão disso, Poe mudou-se para Baltimore, onde se casou em 1835 com uma prima de treze anos, Virgínia Clemm, que lhe devolveu um pouco da auto-estima e confiança. No ano seguinte reassumiu o seu cargo no Soutehrn Literary, tornou-se redator-chefe do mesmo, mas decidiu abandoná-lo novamente no início de 1837. Daí em diante passou a residir ora em Washington, ora em Filadélfia, colaborando com diferentes periódicos e conseguindo manter-se dessa forma, embora com certa dificuldade. No início de 1840 publicou em Filadélfia a sua primeira coletânea de histórias, denominada Contos do Grotesco e Arabesco. No ano seguinte desenvolveu intensa atividade literária, produzindo, além de outras obras, O Duplo Assassinato da Rua Morgue (na qual criou a figura do detetive Dupin, predecessor de Sherlock Holmes), que se tornaria clássica na novela policial.
Nessa época, a doença de sua mulher, atacada pela tuberculose, provocou nele nefasta influência, o que o levou de volta ao alcoolismo. A partir do início de 1945, quando o seu famoso poema O Corvo foi publicado simultaneamente por diversos jornais, Poe se tornou uma figura popular nos meios literários e a sua fama espalhou-se rapidamente por todo o país. Mas tendo perdido a esposa em janeiro de 1847, caiu em profunda prostração, e foi com o seu espírito enlutado pela perda da companheira que escreveu os poemas Ulalume e Heureca, o segundo em prosa. Nos últimos anos entregou-se ainda mais ao vício da bebida, sendo encontrado (03/10/1849) em estado alarmante em uma taberna. Levado imediatamente para um hospital, morreu quatro dias depois, de delirium tremens (distúrbio caracterizado por alterações mentais repentinas e graves, ou alterações neurológicas, incluindo convulsões, causadas pelo cessar do consumo de bebidas alcoólicas).
A obra de Edgar Allan Poe deixou profunda influência na literatura universal. O fantástico, tão caro aos românticos em geral, assumia nele, por vezes, caráter organizado, metódico. Devido à preocupação com o excepcional e mórbido, pode-se considerá-lo um precursor de certas tendências da poesia, que tiveram um grande desenvolvimento, sobretudo na França, onde o poeta Charles Baudelaire (1821-1867) ocupou-se intensamente na tradução para o francês dos seus contos e poesias, reunindo muitos deles em Histórias Extraordinárias e Novas Histórias Extraordinárias.
Como poeta, Edgar Allan Poe é considerado um dos mais importantes da língua inglesa, no seu século, sendo lembrado, ainda, como um dos criadores do conto moderno. Muitos dos seus biógrafos o apresentam como personagem patético que viveu de forma apagada e cujo valor literário só se tornou reconhecido após a sua morte, citando como exemplo a carta que escreveu a um editor, pedindo como única compensação “vinte cópias do seu livro, para oferecer a amigos”. Por ironia do destino, um século depois do seu desaparecimento esse pequeno pedaço de papel valeria cerca de três mil dólares.
Edgard Allan Poe deixou um valioso espólio literário, e a sua figura dramática tem dado origem a inúmeros estudos sobre a criação da sua obra, por meio da psicanálise. Entre as muitas frases cunhadas por ele, estão as seguintes:
– Nenhum homem conhece mais sobre a vida após a morte, que eu ou você. E toda a religião simplesmente se desenvolveu da trapaça, medo, ganância, imaginação e poesia.
– Para ser feliz até certo ponto, é preciso ter-se sofrido até esse mesmo ponto.
– Quando um louco parece completamente sensato, já é o momento de pôr-lhe a camisa de força.
– Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite.
– As quatro condições elementares para a felicidade são: vida ao ar livre, amor de mulher, ausência de qualquer ambição e a criação de um novo e belo ideal.
– A ciência não nos ensinou ainda se a loucura é ou não o mais sublime da inteligência.
– Não há beleza rara sem algo de estranho nas proporções.
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