Nascido na Capadócia por volta de 64 a.C., e desaparecido no ano 19 da Era Cristã, o geógrafo e historiador grego Estrabão estudou em Roma, onde recebeu uma boa educação e adotou o estoicismo, filosofia cuja característica é a austeridade de caráter e rigidez de princípios. Em 24 a.C. ele viajou para o Egito e a Arábia, retornando a Roma quatro anos depois, onde fixou residência. A partir daí iniciou um ciclo de visitas constantes a várias das regiões então conhecidas, indo da Armênia, no oriente, até a Sardenha, no ocidente, e do Ponto Euxino, no norte, às fronteiras da Etiópia, no sul.
Durante essas andanças Estrabão preocupou-se em adquirir informações e conhecimentos de toda ordem para orientar seus trabalhos literários. Baseado nesses dados escreveu um relato histórico em 43 volumes (que se perdeu), onde dava continuidade à descrição do grego Políbio (205-120 a.C.) sobre a história da Grécia, desde a 140ª Olimpíada, em 220 a.C., até a o fim de independência grega, em 146 a.C., acompanhada de um resumo da História Romana. Nesse relato ele discorria sobre os acontecimentos verificados até a batalha naval de Actium, no Egito, que decretou o início da derrocada de Marco Antônio e Cleópatra.
Mas sua obra principal é a Geografia, escrita em dezessete volumes conservados praticamente na íntegra (já que falta apenas o sétimo). Oito são dedicados à Europa, seis à Ásia, um ao Egito e outro à Líbia, e neles o autor revela fatos políticos importantes sobre as principais cidades e os grandes homens que nelas viveram.
Durante a Idade Média o historiador Estrabão, também conhecido pelo nome latino de Strabo, era quase desconhecido, passando a ser apreciado de melhor forma a partir do século 15, quando surgiram as edições e as traduções de sua coleção Geografia. Apesar de inúmeros erros nela contidos, especialmente sobre a direção dos Pirineus, o trabalho do autor foi a primeira obra desse gênero herdada da Antigüidade (juntamente com a de Ptolomeu). Dentro dela a história, a religião, os costumes e as instituições dos diferentes povos estão misturados às descrições geográficas.
A obra Geografia pode ser vista como uma enciclopédia do conhecimento geográfico do início da Era Cristã. Ela cobre todo o mundo conhecido pelos gregos e pelos romanos daquela época, apresentando uma constante defesa do poeta Homero como fonte geográfica, e não levando em conta escritores mais recentes, como Heródoto, que normalmente testemunhavam o que reportavam.
Além disso, mostrava uma preocupação normalmente argumentativa e crítica em relação a estes outros escritores. E com uma atitude tipicamente grega em relação aos fatos. No entanto, esta argumentação às vezes criticada, oferece aos acadêmicos modernos uma informação histórica valiosa sobre os métodos de geografia antiga e do conhecimento de geógrafos mais antigos, que de outra forma não teríamos conhecimento.
Cerca de trinta manuscritos da Geografia ou de suas partes sobreviveram. Quase todas elas cópias medievais de outras cópias, mas há fragmentos de rolos de papiro que foram provavelmente copiados por volta dos anos 100 a 300. Por mais de século e meio os acadêmicos vêm buscando produzir uma versão o mais próxima possível do que Estrabão escreveu. Como resultado desse trabalho, vem sendo publicado, desde 2002, um volume por ano (na ilustração abaixo, a Europa vista por Estrabão).
A Geografia, de Estrabão, está dividida da seguinte forma:
Os livros I e II constituem uma longa introdução à obra
Os livros III ao X descrevem a Europa, particularmente a Grécia (livros VIII-X).
O Livro III é dedicado à Ibéria.
Os livros XI ao XVII descrevem a Ásia Menor
O livro XVII descreve a África (Egito e Líbia)
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