O conquistador mongol nasceu em 1162, na Mongólia, às margens do rio Onon, e morreu em agosto de 1227. Seu pai, Yesugei Baadur, senhor de uns quarenta clãs (tribos constituídas de várias famílias sujeitas à autoridade de um chefe com mando hereditário), morreu envenenado por membros da tribo dos tártaros, e por isso o menino o sucedeu quando tinha apenas treze anos de idade, adotando então o nome de Temuchin.
Treinado como arqueiro montado, procedimento comum entre as crianças mongóis, ele ganhou posição de liderança entre clãs amistosos quando empreendeu campanha contra a tribo que raptara sua noiva, derrotando os guerreiros adversários e trazendo de volta a moça com quem viveria até o fim de sua vida.
Por isso ele se tornou famoso e respeitado, e como era praxe entre os nômades mongóis, acabou sendo nomeado líder de diversas tribos por seu valor como guerreiro. Tendo, então, um exército respeitável à sua disposição, Temuchin consolidou seu domínio sobre tribos rivais, conquistando-as e eliminando seus inimigos, muitas vezes com crueldade.
Em 1206, uma assembléia dos chefes de todas as tribos das estepes proclamou Temuchin, a essa altura com 44 anos de idade, como Gengis Khan, ou seja, o Cã dos Cãs. Assumindo a condição de líder supremo dos mongóis, Gengis estabeleceu um sistema de governo e criou leis para impor ordem aos nômades até então independentes e belicosos entre si, criando uma hierarquia administrativa e militar, ao mesmo tempo em que treinava e organizava um exército.
Em defesa de sua autoridade ele derrotou e matou em combate a Pólo, chefe do cã de Naimã, mas este foi substituído por Cuxeleque, que por também ter se insurgido foi igualmente derrotado e por isso fugiu para o rio Irtixe. Dois anos depois os mongóis invadiram o norte da China e ocuparam muitas praças fortes, mas ao ser informado de que Cuxeleque se preparava para a guerra contra ele, Gengis avançou contra o teimoso adversário e o derrotou novamente. Em 1209 iniciou uma demorada, mas bem sucedida campanha através da China, invadindo o país com seus exércitos.
Essa investida decorreu simultaneamente com outros acontecimentos militares que reforçaram o prestígio de Gengis Khan, mas nesse meio tempo, ressurgiu uma ameaça ao poderoso chefe. O insistente Cuxeleque havia derrotado Quita-Cã, que lhe dera hospedagem, apropriara-se do seu reino, aliara-se a Maomé, xá de Cuarizm, e se preparava para um novo enfrentamento com Gengis, mas foi vencido pela terceira vez, e finalmente aprisionado, sendo o reino roubado anexado ao império mongol.
Na seqüência desses acontecimentos Gengis ofereceu a paz a Maomé, enviando-lhe presentes como prova de suas intenções pacíficas. Este os aceitou, mas o governador de Otrar, subordinado a Maomé, executou como espiões alguns comerciantes súditos de Gengis, o que voltou a conturbar o ambiente. A conseqüência imediata dessa nova e perigosa situação ocorreu quando o líder mongol exigiu que o governador lhe fosse entregue, pois seu emissário principal foi morto e os restantes devolvidos aos seus, mas de barbas raspadas.
Sentindo-se insultado, Gengis não hesitou: invadiu os territórios de Maomé e derrotou o exército inimigo que contava com 400.000 soldados, matando 160.000 deles, mas o xá de Cuarizm, ao sentir a iminência da derrota, conseguiu fugir para Samarcanda. Complementando a ação vingativa de seu chefe supremo, um outro exército mongol ocupou Otrar depois de sitiá-la durante cinco meses, matou o governador e seus sequazes e arrasou a cidade; um terceiro exército capturou Gojent, e um quarto, comandado pelo próprio Gengis e seu filho Tule, tomou diversas cidades importantes, inclusive Samarcanda e Bucara, destruindo a preciosa biblioteca desta última localidade.
Maomé conseguiu escapar durante a noite com parte de seus homens, mas foi perseguido até Nixapur, no Irã. Sendo derrotado na luta ali travada, fugiu para as margens do mar Cáspio, onde acabou sendo morto.
Nos anos seguintes Gengis Khan devastou a Pérsia, o Cáucaso e a Rússia, voltando à Mongólia em 1224, quando então encaminhou as forças disponíveis para a China, onde seus generais tentavam conquistar Pequim, o mais avançado centro urbano daquela época. Ao verificar que este era cercado por muralhas de doze metros de altura, ele percebeu que suas táticas de guerra nas estepes, onde a luta se desenvolvia em campo aberto, de nada lhe valeriam naquele momento, e por isso não teve pressa: acampou com seu exército em torno das fortificações, impedindo assim a entrada de suprimentos, que passaram a alimentar seus homens, e depois, com a ajuda de engenheiros, construiu catapultas e outros artefatos bélicos com os quais finalmente invadiu e dominou a cidade sitiada.
Em 1227, enquanto os generais de Gengis conquistavam territórios no sul da Rússia e na Ucrânia, o Grande Cã foi forçado a retornar para as estepes, a fim de conter uma revolta de Hsi Hsia, que havia recusado a convocação para a campanha contra Khwarizm. Esse reino havia sido conquistado em 1207, quando os mongóis foram forçados a expandir seu território de pastagem devido a algum problema climático nas estepes. Após vencer os tangutes, Gengis Khan morreu acometido por uma febre alta.
Dotado de grande capacidade para planejar e executar suas operações guerreiras, Gengis criou táticas revolucionárias que surpreenderam os adversários durante as batalhas nas estepes. Seu exército era extremamente disciplinado, temido e impiedoso. A arma tradicional dos mongóis era o arco e flecha, que tinha um alcance de 500 metros, e com isso o treinamento dos arqueiros se tornou obrigatório, com os cavaleiros tornando-se exímios atiradores mesmo estando o cavalo em pleno galope.
Os historiadores apontam suas qualidades de estadista, apesar da crueldade e barbarismo extremo que demonstrava. Calcula-se que nas guerras que empreendeu tenha causado a morte de cinco milhões de pessoas, massacrando, muitas vezes, velhos, mulheres e crianças.
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