Formando-se em 1768, assumiu o cargo de juiz-de-fora na cidade portuguesa de Beja, retornando ao Brasil em 1782, para assumir as funções de Ouvidor e Procurador de Defuntos e Ausentes na comarca de Vila Rica, atual Ouro Preto, em Minas Gerais. Foi nessa época que ele conheceu Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, então com dezesseis anos, a pastora Marília em uma das possíveis interpretações de seus poemas, que teria sido imortalizada em sua obra lírica Marília de Dirceu.
Durante sua permanência em Minas Gerais escreveu Cartas Chilenas, poema satírico em forma de epístolas, uma violenta crítica ao governo colonial. Promovido em 1786 a desembargador da Relação da Bahia, resolve, dois anos depois, pedir Maria Dorotéia em casamento, que foi marcado para o final do mês de maio de 1789. Como era pobre e bem mais velho que ela, sofreu oposição da família da noiva, mas antes de assumir o novo posto foi denunciado por Joaquim Silvério dos Reis como um dos integrantes da Inconfidência Mineira.
Embora tenha negado veementemente sua participação no movimento pela independência, essa cumplicidade foi confirmada pelos demais acusados, entre eles o próprio Tiradentes. Tendo sido apontado como chefe da conjuração, foi por isso condenado ao degredo, sendo levado, então, para a ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, e de lá desterrado para Moçambique, na África, em maio de 1792.
Alguns registros antigos asseveram que Tomás Antônio Gonzaga morreu demente e na miséria, mas pesquisas realizadas posteriormente chegaram à conclusão de que ele exerceu com sucesso, naquela então possessão portuguesa, sua profissão de advogado, chegando inclusive a exercer por lá o cargo de juiz da alfândega. O seu poema Marília de Dirceu foi publicado em Lisboa, em 1792, consagrando o autor como um dos maiores poetas da língua portuguesa.
Os versos iniciais do poema são os seguintes:
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, ; que viva de guardar alheio gado, / de tosco trato, de expressões grosseiro, / dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto; / dá-me vinho, legume, fruta, azeite; / das brancas ovelhinhas tiro o leite / e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela, / graças à minha estrela! / Mas tendo tantos dotes da ventura, / Só apreço lhes dou, gentil pastora, / Depois que o teu afeto me segura.
Que queres do que tenho ser senhora. / É bom, minha Marília, é bom ser dono / De um rebanho, que cubra monte e prado; / Porém, gentil pastora, o teu agrado / Vale mais que um rebanho e mais que um trono.
Graças, Marília bela, / Graças à minha estrela
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