Jean Lafitte, cujo nome provavelmente não era verdadeiro, foi um pirata e corsário francês que agiu no golfo do México no início do século 19. Ele era judeu e escreveu que nascera em Bordeaux, França, no ano de 1780, mas em outros documentos declarou, juntamente com seu irmão Pierre, ser natural de Bayonne, Saint Malo ou Brest. Segundo o biógrafo Jack C. Ramsay, eles faziam isso para escapar da forca, destino dos criminosos americanos. Ramsay especula que Lafitte nasceu no território francês de Santo Domingos.
Desde cedo Lafitte se interessou pela carreira de salteador de navios. .Conhecido pelos apelidos de “O bucaneiro” e “O terror do Golfo do México”, ele instalou, em 1805, uma loja em New Orleans. onde vendia por preço baixo as mercadorias que trazia dos navios saqueados, tornando-se, por isso, muito querido pela população daquela cidade. Porém, depois que o governo americano editou em 1807 uma lei de embargo que impedia a descarga de navios vindos de portos estrangeiros, os Lafittes decidiram transferir o centro de suas operações para uma ilha na Baía de Barataria, que por ficar longe da base naval estadunidense mais próxima facilitava a navegação, sem maiores riscos, de seus navios carregados com mercadorias. Em 1812 ele reunia sob seu comando um bando de malfeitores, estendendo suas incursões às costas da Colômbia e da Venezuela.
Em 1814, durante a guerra anglo-americana, Lafitte recebeu dos militares ingleses a proposta de lutar ao lado deles, mas recusou-se a aceitá-la. Então, acertando com o governador da Luisiania, cujo território fora adquirido aos franceses em 1803 e transformado em décimo-oitavo Estado da União em abril de 1812, ele obteve o perdão oficial para si e seus sequazes, prestando, ainda, excelentes serviços às forças americanas, contribuindo para a defesa da baía de Barataria e distinguindo-se na batalha de Nova Orléans.
Na ocasião, Lafitte declarou contar com mais de 3.000 homens à sua disposição, além das provisões necessárias às tropas que se preparavam para a Batalha de New Orleans, em 1815. Liderados por Andrew Jackson, o ataque britânico foi repelido. O número mencionado pelo pirata era provavelmente exagerado, mas o efeito positivo dessa informação nas tropas americanas foi substancial. Terminado o conflito, o presidente James Madison Jr. confirmou o perdão dos piratas, principalmente por considerar que eles jamais havian atacado um navio dos Estados Unidos.
Depois de tentar ganhar concessões do governo americano por sua atuação na guerra, os irmãos Lafitte deixaram New Orleans por volta de 1817 e tomaram posse da ilha Galveston (Texas), chamando o lugar de “Campeche”. O lugar era usado como base pelo pirata francês Louis-Michel Aury, com uma mansão que era chamada de “Maison Rouge”. A construção era fortificada e contava com canhões. Por volta de 1820, Lafitte casou-secom Madeline Regaud, provável viúva ou filha de um colono francês. Escravos eram uma das “mercadorias” negociadas pelos irmãos em Galveston., e entre seus clientes figurava Jim Bowie, conhecido pioneiro e soldado estadunidense que desempenhou importante papel na guerra dos texanos contra o domínio do México, tendo morrido durante a lendária Batalha do Alamo.
Em 1821, a escuna USS Enterprise (1799) foi enviada para Galveston com a missão de expulsar Lafitte do Golfo, após os piratas terem atacado um navio mercante americano. Lafitte concordou em deixar a ilha sem opor resistência, e em 1821, ou 1822, ele partiu em seu navio a velas, o Pride, tendo antes queimado as fortificações que levantara. Segundo os nativos, ele levara consigo um imenso tesouro.
Já em declínio, Lafitte se estabeleceu na Ilha Mujeres, na costa de Yucatán, com sua reputação de ladrão e pirata plenamente consolidada. Herbert Asbury (1889-1963). escritor e jornalista americano mais conhecido por seus livros abordando a criminalidade entre o século 19 e início do século 20, reconta a morte do pirata em The French Quarter: An Informal History of the New Orleans Underworld. Segundo ele, Lafitte teria morrido de febre em 1825 com a idade de 47 anos, dem conseqüência de ferimento que lhe fizeram uma luta contra nativos.
A indústria cinematográfica apresentou alguns filmes contando a história de Jean Lafitte, e o mais famoso deles foi The Buccaneer (O Bucaneiro), de 1938, dirigido por Cecil B. de Mille, no qual Anthonny Quinn faria uma nova filmagem cerca de vinte anos depois (1958). O pirata ambém foi tema de um poema de George Gordon Byron, Lorde Byron.
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