Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu em Diamantina, Minas Gerais, no dia 12/09/1902. Diplomado em 1927 pela Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, atuou como médico do Hospital Militar da Força Pública de Minas Gerais, integrando, nessa condição, as tropas que combateram os revoltosos de 1932. Chefe do Gabinete Civil de Minas Gerais em 1933/1934, elegeu-se deputado federal no ano seguinte, ocupando esse posto até 1937, quando o golpe de estado de Getúlio Vargas determinou o fechamento do congresso.
Prefeito de Belo Horizonte no qüinqüênio 1940/1945, participou nesse último ano da criação do Partido Social Democrático (PSD) em Minas Gerais, sendo escolhido seu primeiro-secretário. Deputado Constituinte em 1945 pelo PSD mineiro; Deputado federal de 1946 a 1950; e governador de Minas Gerais de 1951 a 1955, Juscelino concorreu à presidência da República tendo João Goulart como vice. Sua eleição provocou grave crise política, mas apesar disso ele tomou posse em 31 de janeiro de 1956, época em que a população do Brasil chegava a 60 milhões de habitantes.
Sua gestão foi marcada pelo Plano de Metas, cujo lema “cinqüenta anos de progresso em cinco anos de governo” se traduziu, sobretudo, em crescimento industrial. Entre os anos de 1955 e 1961 a produção do setor cresceu cerca de 80%, destacando-se as indústrias do aço, mecânicas, elétricas e de comunicações, além das de equipamentos de transportes. Entre 1957 e 1961, a taxa de crescimento real chegou a 7% ao ano. Esse processo, orientado pelo projeto nacional-desenvolvimentista, tornou-se possível graças à existência de um mercado interno amplo, pela capacidade de produção de ferro e de aço, e também pela disposição externa de investimento. Além do incentivo à entrada de capitais externos, o governo priorizou as áreas de transporte e de energia, constituindo uma infra-estrutura capaz de permitir a expansão do parque industrial.
O planejamento estatal articulado em grupos de trabalho ligados ao Conselho de Desenvolvimento, revelou-se eficiente. Eles grupos cuidavam da aprovação de projetos de leis e decretos, e de projetos empresariais, mas o governo também orientou os investimentos segundo os estudos e projetos formulados pelos representantes da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico.
Por isso a política econômica dos anos JK obteve resultados expressivos na área da expansão industrial, mas também gerou contradições, como o favorecimento à concentração de capital, com a entrada de empresas multinacionais no país, o que deixou poucas oportunidades para o pequeno capital. Do ponto de vista dos trabalhadores, verificou-se que o aumento de produtividade decorrente do aprimoramento tecnológico, não foi transferido nem para os preços nem para os salários. Apesar disso, alguns aumentos salariais e o subsídio estatal ao petróleo e ao trigo, buscavam atender as demandas sindicais.
As importações que visavam suprir a escassez interna de insumos, aprofundaram a dependência externa da economia brasileira, elevando o desequilíbrio financeiro e o déficit da balança de pagamentos, o que influiu decisivamente para a o retorno do processo inflacionário, um dos maiores problemas enfrentados pelo presidente Kubitschek. Um plano de estabilização antiinflacionário foi formulado pelo ministro da Fazenda, Lucas Lopes, e pelo diretor do BNDE, Roberto Campos, e submetido ao Fundo Monetário Internacional, que deveria avalizar um crédito de 300 milhões de dólares provenientes dos Estados Unidos.
Diante das exigências de ajuste da economia brasileira pelo FMI, o governo teve duas opções: levar adiante o Plano de Metas, para satisfazer os credores externos, ou conter a economia interna, proposta dos defensores brasileiros do programa de estabilização. Foram muitas as pressões internas, gerando um debate que envolveu também os intelectuais nacionalistas e aqueles de tendência liberal, representados no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Em junho de 1959, o presidente Kubitschek rompeu as negociações com o FMI.
O período presidencial destacou-se, ainda, pela construção da nova capital federal, a cidade de Brasília, inaugurada em 21 de abril de 1960. Símbolo do desenvolvimento do país, a cidade foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lúcio Costa, tornando-se um exemplo da arquitetura moderna. Em 7 de dezembro de 1987, foi tombada pela Unesco e registrada como patrimônio histórico e cultural da humanidade.
Com o fim de seu mandato de presidente elegeu-se senador por Goiás (1962/1964), mas após o golpe militar de 1964 teve seu mandato cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos, razão pela qual exilou-se na França e em Portugal, mantendo, porém, contato permanente com outros exilados. Nesse período, integrou com Carlos Lacerda e João Goulart, a chamada Frente Ampla, movimento que pregava a união política acima das divergências passadas, e o retorno do País à democracia.
Mas essa composição política durou pouco tempo, e sua dissolução, em 1968, levou Juscelino a abandonar a vida pública e se dedicar posteriormente à fazenda que possuía no município de Luziânia, em Goiás. Em 1975 recebeu o Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano, ofertado pela União Brasileira de Escritores.
Juscelino Kubitschek de Oliveira publicou vários livros, entre eles, A Marcha do Amanhecer; Por que Construí Brasília e Meu Caminho para Brasília. Sua vida e sua trajetória política também foram tema de livros, como Juscelino Kubitschek: uma Revisão na Política Brasileira, de Francisco de Assis Barbosa; O Governo Kubitschek – Desenvolvimento Econômico e Estabilidade, de Maria Vitória Benevides; e Confissões do Exílio – JK, de Oswaldo Orico.
O ex-presidente morreu em acidente de automóvel ocorrido no dia 22 de agosto de 1976, nas proximidades de Resende, RJ.
Fonte: Arquivo Nacional
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