O chefe guerreiro asteca, nono imperador do antigo México, nasceu por volta de 1466 e morreu em Tenochtitlán, atual cidade do México, em 1520. Sucedeu a seu tio Ahuítzotl (1502) durante um período de revoltas e fome em seu reinado, mas conseguiu dar melhores condições de vida à população e recompor o seu exército, conduzindo-o na direção sul até as regiões das atuais Honduras e Nicarágua, de onde levou muitos cativos para serem sacrificados.
Administrador competente, ele introduziu várias mudanças nos tribunais, reforçando as leis, além de construir diversos edifícios públicos, inclusive hospitais para guerreiros. Seu palácio, com jardins e construções esplendorosas, possuía um viveiro de pássaros com dez grandes salas e também lagos artificiais de água doce e salgada, que abrigavam aves de todas as regiões do império.
Sem estrutura para administrar a vasta área que havia conquistado, onde prevaleciam diferentes culturas e religiosidades, mas suas populações encontravam-se dizimadas tanto pela guerra como pelos sacrifícios religiosos, o império entrou em decadência. Orientados por astrólogos e adivinhos os astecas esperavam o retorno de Quetzalcóatl, deus da paz e um dos quatro criadores do mundo (representado por uma serpente de plumas e asas), e que segundo a crença religiosa dos nativos, assumiria o governo do império. Por isso quando Fernando Cortés (1485-1547) desembarcou no país e soube dessa expectativa, procurou utilizá-la em benefício próprio. O imperador enviou-lhe presentes de grande valor, mas chegando em Tenochtitlan (1519), o conquistador espanhol tratou de prender Montezuma como refém.
Revoltados, os astecas empunharam armas e atacaram os alojamentos em que o seu líder se encontrava aprisionado. Porém, segundo a versão espanhola, este foi apedrejado quando tentava aplacar os seus súditos, morrendo dias depois em virtude dos ferimentos sofridos. Pela versão dos nativos, o imperador foi assassinato pelos espanhóis enquanto os índios expulsavam as forças de Cortés de Tenochtitlan. Após a conquista espanhola, Montezuma tornou-se uma figura lendária entre os índios, sendo por vezes ainda mencionado como uma divindade, embora eles não o cultuassem.
Textos de autores diversos procuram esclarecer os acontecimentos que provocaram a morte de Montezuma II. De modo geral, neles se diz que a perda de sete de seus companheiros de tropa foi o motivo alegado pelos espanhóis para prender o imperador asteca. Quando isso aconteceu, os moradores de Tenochtitlán rebelaram-se e exigiram que os estrangeiros fossem expulsos da cidade. Foi então que Cortés pediu a Montezuma II que trouxesse o cacique Cuauhpopoca, a quem era atribuída a responsabilidade pela morte dos seus comandados, mas em seguida ausentou-se de Tenochtitlán, para enfrentar a expedição de Pánfilo de Narváez, entregando a Pedro de Alvarado, e mais oitenta soldados, a tarefa de guarda do prisioneiro.
O imperador era importante para os espanhóis, pois como ele ainda os tinha como enviados divinos, exortava seu povo a aceitá-los e mantê-los vivos. No entanto, os espanhóis viviam uma situação extremamente delicada, já que eram poucos homens para enfrentar uma multidão de astecas. Assim, diante da constatação de uma crescente hostilidade por parte dos moradores de Tenochtitlán, Pedro de Alvarado decidiu atacar primeiro.
Embora não existam documentos comprovando o que realmente aconteceu, acredita-se que o ataque espanhol ocorreu durante um ritual asteca no Templo Maior, onde a grande maioria dos participantes estava desarmada. A ordem do capitão era a de matar ou aprisionar os senhores astecas de grande influência, mas os agressores, com a ajuda de índios aliados, foram bem além das ordens recebidas, promovendo um massacre que não poupou nem mesmo as mulheres e as crianças.
Ao retornar, Fernando Cortés tentou acalmar os astecas, e para isso levou Montezuma II ao seu povo, a fim de tranqüilizá-lo. E o imperador bem que tentou, mas a constatação de que ele continuava a apoiar os espanhóis provocou enorme e furiosa reação dos seus súditos. Atingido por pedras e flechas, o chefe dos astecas morreu logo depois. Muitos não acreditam nessa versão, preferindo aceitar a de que foram os espanhóis os responsáveis pela morte do imperador.
Afinal de contas, Fernando Cortés se via, naquela oportunidade, diante da possibilidade concreta de conquistar Tenochtitlán. Segundo a versão asteca, todos os nobres que se encontravam prisioneiros dos espanhóis foram executados, pois já não eram mais úteis.
Sucedendo a Montezuma II, Cuitláhuac fortaleceu alianças e reuniu tropas para expulsar os espanhóis. A batalha entre as duas forças já durava uma semana, e os invasores encontravam-se cercados no palácio em que se abrigavam. Até que, sentindo-se esgotado, Fernando Cortés planejou fugir da cidade na noite do dia 30 de Junho de 1520. Cumprindo o plano traçado, os espanhóis partiram em silêncio, mas foram descobertos e se viram cercados por grande número de astecas enfurecidos e armados com lanças e flechas.
Encurralados, eles tiveram que escolher entre salvar suas vidas ou levar o ouro que carregavam, retirado do tesouro de Axayácatl. Segundo a história, 90% desse tesouro foi perdido pelos espanhóis. E pior que isso: seiscentos deles foram mortos (aproximadamente, metade da tropa de Fernando Cortés), além dos índios que os apoiavam terem sido massacrados (dos mil tlaxcaltecas que haviam se aliado a eles, apenas cem não morreram em Tenochtitlán).
A maior ajuda aos fugitivos foi dada por seus cavalos, utilizados para a fuga da cidade. Cortés, Alvarado, Martín de Gamboa, entre outros, sobreviveram a esse episódio que se tornou conhecido por ter sido um dos mais cruéis vividos pelos espanhóis em terras mexicanas. Tenochtitlán ainda sobreviveria por mais um ano, aproximadamente. Ajudados por milhares de índios rivais da grande capital asteca, e beneficiados pela morte da maioria da população de Tenochtitlán, vitimada por doenças, os espanhóis finalmente conquistaram o controle de uma das maiores cidades existentes da época.
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