Em 367 ou 366 a,C. foi convidado para ensinar a Dionísio II, o Jovem, tirano que reinava em Siracusa, comuna italiana da região da Sicília, uma filosofia apropriada ao exercício daquele poder, mas teve sua ação tolhida por intrigas palacianas que conduziram aquele país a uma guerra civil e provocaram o assassinato do rei que o chamara. Na viagem de regresso à sua terra a embarcação em que viajava foi interceptada por piratas e o filósofo acabou sendo vendido como escravo no mercado da ilha de Egina, próxima de Atenas, mas um antigo aluno o comprou e o reconduziu à Academia, que ele nunca mais abandonou.
Platão valorizava os métodos de debate e conversação como formas de alcançar o conhecimento. De acordo com o filósofo, os alunos deveriam descobrir as coisas superando os problemas impostos pela vida, funcionando a sua educação como processo de desenvolvimento do homem moral, envidando esforços no sentido do aprimorar-lhes a competência física e intelectual. Para isso eram ministradas aos aprendizes aulas de retórica, debates, educação musical, geometria, astronomia e educação militar. Quanto aos alunos das classes menos favorecidas, aconselhava Platão que deveriam buscar trabalho a partir dos 13 anos de idade, afirmando, também, que a educação da mulher precisaria ser idêntica à aplicada aos homens.
A Academia de Platão foi tão importante que este termo virou sinônimo de um local onde se ensina e pesquisa o conhecimento: as Universidades fazem parte da “Academia” e propagam o “saber acadêmico”. Recentemente, o termo se deteriorou e passou a designar um local onde as pessoas fazem exercícios físicos orientadas por professores especializados nesse mister, mas na Grécia Antiga o local equivalente seria conhecido como Ginásio.
De seus inúmeros escritos, cartas e apontamentos, subsiste apenas uma pequena parte, sendo alguns, porém, de origem duvidosa. De sua autoria comprovada chegaram aos nossos dias, entre outras, as seguintes obras: Apologia de Sócrates, em que o autor valoriza os pensamentos do mestre; Críton, onde Sócrates explica a necessidade de cumprir o dever político para com a cidade que o criou e condenou, mesmo que isso leve à morte; A República, tratado expondo um sistema de governo e o modo de vida ideal, e como se chegar até eles, O Banquete, sobre o amor ao belo; Crátilo, em que é explicada a relação entre as coisas e os nomes que lhes são dados; Górgias, sobre a violência; além de Protágoras, Lachetes, Cármides, Lisias, Eutifrônio, Menon, Eutidemo e algumas outras mais.
A República começa com um sofista, Trasímaco, declarando que a força é um direito, e que a justiça é o interesse do mais forte. As formas de governo fazem leis visando as suas conveniências, determinando o que é justo e punindo como injusto todo aquele que transgredir as regras por eles criadas. Para responder à pergunta Como seria uma cidade justa? Sócrates começa a dialogar principalmente com Gláucon e Adimanto. Platão salienta que a justiça é uma relação entre indivíduos, e depende da organização social.
Mais tarde ele fala que justiça é fazer aquilo que nos compete, de acordo com a nossa função, e sendo assim a justiça seria simples, se os homens fossem simples. O ser humano viveria produzindo de acordo com suas necessidades, trabalhando muito e sendo vegetariano, tudo sem luxo. Para implantar esse seu sistema de governo, Platão imaginava que se deveria começar da estaca zero, e como primeiro passo os filhos precisariam ser afastados de suas mães.
Ele repudiava o modo de vida que permitia a promiscuidade social e a ganância, sustentando, também, que o luxo e os excessos dominavam os homens ricos de Atenas, que nunca se contentavam com o que tinham e sempre desejavam as coisas dos terceiros, resultando daí a invasão de um grupo por outro, e em conseqüência, a guerra entre eles.
Platão achava um absurdo que homens com mais votos pudessem assumir cargos da mais alta importância, pois nem sempre o mais votado é o melhor preparado. Era preciso criar um método para impedir que a corrupção e a incompetência tomassem conta do poder público, Mas atrás desses problemas estava a psyche humana, como havia identificado Sócrates (a palavra grega psyche é traduzida para o português como alma, mas não se deve achar que ela tenha um significado único. Usualmente, também quer dizer “vida” ou “vitalidade”, e às vezes, “o ego”).
Para Platão o conhecimento humano vem de três fontes principais: o desejo, a emoção, e o conhecimento, que fluem do baixo ventre, coração e cabeça, respectivamente. Essas fontes seriam forças presentes em diferentes graus de distribuição nos indivíduos. Elas se dosariam umas às outras, e num homem apto a governar estariam em equilíbrio, com a cabeça liderando continuamente.
Para isso é preciso uma longa preparação e muita sabedoria. O mais indicado, para Platão, é o filósofo: “enquanto os homens deste mundo não tiverem o espírito e o poder da filosofia, a sabedoria e a liderança não se encontrarão em uma mesma pessoa, e as cidades sofrerão os males”.
Platão morreu em Atenas, em 348 ou 347 a.C., durante uma festa a que comparecera. Já velho, com oitenta anos de idade, aproximadamente, ele se dirigiu a um canto e ali dormiu. Quando foram acordá-lo, de manhã, descobriram que estava morto. Uma multidão de admiradores o acompanhou até o túmulo.
Fonte: www.consciencia.org
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