Nascido em Atenas (428 ou 427 a.C.), o filósofo grego era de origem aristocrata, mas assimilou as concepções democráticas defendidas por alguns membros de sua família. Influenciado por Sócrates, de quem foi amigo e discípulo, sentiu muito a morte do mestre (em 399 a.C.) e por isso retirou-se para Mégara, que é presentemente um subúrbio de Atenas (a nova cidade de Megara foi construída sobre as ruínas da antiga). Depois viajou pelo Egito, por Cirene, na África, uma antiga colônia grega na atual Líbia, visitou algumas partes da Itália, e quando regressou a Atenas, em 387 a.C., fundou a Academia, que exerceria uma influência profunda em toda a vida cultural grega e teria muitos discípulos eméritos, entre os quais Aristóteles.
Em 367 ou 366 a,C. foi convidado para ensinar a Dionísio II, o Jovem, tirano que reinava em Siracusa, comuna italiana da região da Sicília, uma filosofia apropriada ao exercício daquele poder, mas teve sua ação tolhida por intrigas palacianas que conduziram aquele país a uma guerra civil e provocaram o assassinato do rei que o chamara. Na viagem de regresso à sua terra a embarcação em que viajava foi interceptada por piratas e o filósofo acabou sendo vendido como escravo no mercado da ilha de Egina, próxima de Atenas, mas um antigo aluno o comprou e o reconduziu à Academia, que ele nunca mais abandonou.
Platão valorizava os métodos de debate e conversação como formas de alcançar o conhecimento. De acordo com o filósofo, os alunos deveriam descobrir as coisas superando os problemas impostos pela vida, funcionando a sua educação como processo de desenvolvimento do homem moral, envidando esforços no sentido do aprimorar-lhes a competência física e intelectual. Para isso eram ministradas aos aprendizes aulas de retórica, debates, educação musical, geometria, astronomia e educação militar. Quanto aos alunos das classes menos favorecidas, aconselhava Platão que deveriam buscar trabalho a partir dos 13 anos de idade, afirmando, também, que a educação da mulher precisaria ser idêntica à aplicada aos homens.
A Academia de Platão foi tão importante que este termo virou sinônimo de um local onde se ensina e pesquisa o conhecimento: as Universidades fazem parte da “Academia” e propagam o “saber acadêmico”. Recentemente, o termo se deteriorou e passou a designar um local onde as pessoas fazem exercícios físicos orientadas por professores especializados nesse mister, mas na Grécia Antiga o local equivalente seria conhecido como Ginásio.
De seus inúmeros escritos, cartas e apontamentos, subsiste apenas uma pequena parte, sendo alguns, porém, de origem duvidosa. De sua autoria comprovada chegaram aos nossos dias, entre outras, as seguintes obras: Apologia de Sócrates, em que o autor valoriza os pensamentos do mestre; Críton, onde Sócrates explica a necessidade de cumprir o dever político para com a cidade que o criou e condenou, mesmo que isso leve à morte; A República, tratado expondo um sistema de governo e o modo de vida ideal, e como se chegar até eles, O Banquete, sobre o amor ao belo; Crátilo, em que é explicada a relação entre as coisas e os nomes que lhes são dados; Górgias, sobre a violência; além de Protágoras, Lachetes, Cármides, Lisias, Eutifrônio, Menon, Eutidemo e algumas outras mais.
A República começa com um sofista, Trasímaco, declarando que a força é um direito, e que a justiça é o interesse do mais forte. As formas de governo fazem leis visando as suas conveniências, determinando o que é justo e punindo como injusto todo aquele que transgredir as regras por eles criadas. Para responder à pergunta Como seria uma cidade justa? Sócrates começa a dialogar principalmente com Gláucon e Adimanto. Platão salienta que a justiça é uma relação entre indivíduos, e depende da organização social.
Mais tarde ele fala que justiça é fazer aquilo que nos compete, de acordo com a nossa função, e sendo assim a justiça seria simples, se os homens fossem simples. O ser humano viveria produzindo de acordo com suas necessidades, trabalhando muito e sendo vegetariano, tudo sem luxo. Para implantar esse seu sistema de governo, Platão imaginava que se deveria começar da estaca zero, e como primeiro passo os filhos precisariam ser afastados de suas mães.
Ele repudiava o modo de vida que permitia a promiscuidade social e a ganância, sustentando, também, que o luxo e os excessos dominavam os homens ricos de Atenas, que nunca se contentavam com o que tinham e sempre desejavam as coisas dos terceiros, resultando daí a invasão de um grupo por outro, e em conseqüência, a guerra entre eles.
Platão achava um absurdo que homens com mais votos pudessem assumir cargos da mais alta importância, pois nem sempre o mais votado é o melhor preparado. Era preciso criar um método para impedir que a corrupção e a incompetência tomassem conta do poder público, Mas atrás desses problemas estava a psyche humana, como havia identificado Sócrates (a palavra grega psyche é traduzida para o português como alma, mas não se deve achar que ela tenha um significado único. Usualmente, também quer dizer “vida” ou “vitalidade”, e às vezes, “o ego”).
Para Platão o conhecimento humano vem de três fontes principais: o desejo, a emoção, e o conhecimento, que fluem do baixo ventre, coração e cabeça, respectivamente. Essas fontes seriam forças presentes em diferentes graus de distribuição nos indivíduos. Elas se dosariam umas às outras, e num homem apto a governar estariam em equilíbrio, com a cabeça liderando continuamente.
Para isso é preciso uma longa preparação e muita sabedoria. O mais indicado, para Platão, é o filósofo: “enquanto os homens deste mundo não tiverem o espírito e o poder da filosofia, a sabedoria e a liderança não se encontrarão em uma mesma pessoa, e as cidades sofrerão os males”.
Platão morreu em Atenas, em 348 ou 347 a.C., durante uma festa a que comparecera. Já velho, com oitenta anos de idade, aproximadamente, ele se dirigiu a um canto e ali dormiu. Quando foram acordá-lo, de manhã, descobriram que estava morto. Uma multidão de admiradores o acompanhou até o túmulo.
Fonte: www.consciencia.org
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