Advogado, nascido em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em 25 de janeiro de 1917. Transferiu-se com a família para a cidade de São Paulo, onde ingressou na Faculdade de Direito aos 18 anos, bacharelando-se em 1939. Iniciou sua carreira política como vereador na capital paulistana (1948-1950), pelo Partido Democrata Cristão (PDC), e em seguida deputado estadual na mesma legenda, sendo escolhido para liderar a sua bancada (1951-1953). Em seguida os eleitores o levaram ao cargo de prefeito da cidade de São Paulo (1953-1954) pelo PDC e Partido Socialista Brasileiro (PSB), e em seguida a governador desse estado (1955-1959).
Na seqüência de sua trajetória política elegeu-se deputado federal em 1958, pelo estado do Paraná, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), mas não chegou a participar das sessões do Congresso porque viajou para o exterior. Três anos depois, contando com o apoio da União Democrática Nacional (UDN), foi escolhido pelos eleitores para ocupar a presidência da República, tendo como vice o candidato da oposição João Goulart. Primeiro chefe de Estado a tomar posse em Brasília, em 31 de janeiro de 1961, renunciou ao cargo sete meses depois, abrindo uma grave crise política no país. Candidatou-se ao governo do estado de São Paulo em 1962, mas foi derrotado.
Por ocasião do golpe militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados por dez anos. A partir daí dedicou-se a atividades privadas, e após ter feito pronunciamentos políticos em 1968, foi confinado na cidade de Corumbá-MS. Retornou à política após a anistia e, em 1982, candidatou-se, sem sucesso, ao governo de São Paulo, mas em 1985 conseguiu eleger-se prefeito de São Paulo, pelo PTB. Faleceu na cidade de São Paulo, em 16 de fevereiro de 1992.
Jânio Quadros assumiu a presidência de um país com cerca de 72 milhões de habitantes. Iniciou seu governo lançando um programa antiinflacionário que previa a reforma do sistema cambial, com a desvalorização do cruzeiro em 100% e a redução dos subsídios às importações de produtos como trigo e gasolina. Tratava-se de incentivar as exportações do país, equilibrando a balança de pagamentos. O plano foi aprovado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), credenciando o governo à renegociação da dívida externa brasileira. Internamente, essa política teve um alto custo para a população, implicando, por exemplo, a elevação dos preços do pão e dos transportes.
Em março, o presidente Jânio Quadros encaminhou para exame e votação o projeto da lei antitruste e de criação da Comissão Administrativa de Defesa Econômica, vinculada ao Ministério da Justiça, que foi rejeitado pelo Congresso Nacional. No princípio de agosto, ele anunciou a criação da Comissão Nacional de Planejamento e a preparação do Primeiro Plano Qüinquenal, que viria substituir o Plano de Metas estabelecido na administração de Juscelino Kubitschek. A política externa “independente”, implementada pelo governo, indicava a tentativa de aproximação comercial e cultural com os diversos blocos do mundo pós-guerra, o que provocou a desconfiança de setores e grupos internos que defendiam o alinhamento automático com os Estados Unidos. Repercutiu negativamente, também, a condecoração, por Quadros do ministro da Economia cubano Ernesto Che Guevara, com a ordem do Cruzeiro do Sul.
No âmbito interno, o governo experimentava, ainda, a ausência de uma base política de apoio: no Congresso Nacional dominavam o PTB e o PSB, ao mesmo tempo em que Jânio Quadros afastara-se da UDN, enfrentando a oposição cerrada do então governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda. Esses são alguns dos principais fatores que teriam levado à renúncia do presidente em 25 de agosto de 1961, consumada através de documento apresentado ao Congresso Nacional. Com o vice-presidente João Goulart em viagem à China, esse gesto abriu uma grave crise política, uma vez que a posse de Goulart era vetada por três ministros militares. A solução encontrada pelo Congresso, e aprovada em 3 de setembro de 1961, foi a instauração do regime parlamentarista, que garantiria o mandato de João Goulart até 31 de janeiro de 1966
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