Foi o mais famoso filósofo e pensador político da China e viveu entre 552 e 479 a.C.. Seu nome verdadeiro era Ch’iu K’ung, mas ele se tornou conhecido como Mestre Kung. Dependendo dos ideogramas utilizados, essa expressão podia ser grafada em chinês de diversas formas: K’ung-fu-tzu, K’ung-tzu, Kongfuzi ou Kongzi, o que explica por que os jesuítas europeus latinizaram o nome do sábio para Confucius, por volta dos séculos 16 e 17.
Nascido no norte da China, na adolescência já chamava a atenção como estudante exemplar. Depois seguiu uma brilhante carreira de professor, demonstrando grande conhecimento nas mais variadas áreas, de história e aritmética a poesia, música e caligrafia. Infelizmente, Confúcio não deixou nenhuma obra escrita, mas seus discípulos coletaram pequenos provérbios do mestre, além de diálogos com ele, e os reuniram em um texto intitulado Lun Yu (Os Analectos). De qualquer forma, a herança deixada pelo filósofo para o mundo oriental, vai muito além disso.
“O confucionismo é a base da ética empresarial japonesa. Também em alguns dos chamados Tigres Asiáticos, como Coréia do Sul e Cingapura, ele é promovido como sistema filosófico a encorajar o desenvolvimento econômico”, afirma o historiador Ricardo Gonçalves, da USP. Isso porque os pensamentos de Confúcio pregavam, por exemplo, a importância da educação para melhorar a sociedade, com destaque à construção do caráter e não apenas ao acúmulo de conhecimentos. Ele também criou programas de treinamento para líderes em potencial. “Seu objetivo era formar homens perfeitos, que, tornando-se membros da burocracia estatal, ajudassem a construiu o estado ideal”, diz Ricardo.
Confúcio viajou por diversos destes reinos, esteve em íntimo contato com o povo e pregou a necessidade de uma mudança total do sistema de governo por outro que se destinasse a assegurar o bem-estar dos súditos, pondo em prática alguns processos tão simples como a diminuição de contribuições e o abrandamento das penalidades. Embora tentasse ocupar um alto cargo administrativo que lhe permitisse desenvolver suas idéias na prática, nunca o conseguiu, pois tais idéias eram consideradas muito perigosas pelos que mandavam. Aquilo que ele não pôde fazer pessoalmente acabaram por fazer alguns dos seus discípulos, que, graças à boa preparação por ele ministrada, se guindaram, dia após dia, aos cargos mais elevados. Já idoso, retirou-se para a sua terra natal, onde morreu com 72 anos.
Algumas pessoas consideram o confucionismo uma religião. O mestre chinês realmente pregava certos rituais em homenagem a ancestrais, mas os seus ensinamentos representam muito mais um sistema de ética e política que uma religião, como deixam claro algumas de suas máximas:
– Se nem consegues te relacionares corretamente com os vivos, por que te preocupas com o culto aos espíritos?
– A maior glória não é ficar de pé, mas levantar-se cada vez que se cai.
– A natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantém separados.
– Aquele que cometeu um erro e não o corrigiu, está cometendo outro erro.
– Aquele que mais estima o ouro do que a virtude há de perder a ambos.
– A virtude da humanidade consiste em amar os homens; a prudência, em conhecê-los.
– Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida.
– Há homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido..
– É melhor acender uma vela que amaldiçoar a escuridão.
– O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros.
– O homem superior age antes de falar e depois fala de acordo com suas ações.
– O que eu ouço, esqueço. O que eu vejo, lembro. O que eu faço, aprendo.
– Saber o que é certo e não fazê-lo é a pior covardia.
– Transportai um punhado de terra todos os dias, e fareis uma montanha.
Apesar desses pensamentos permitirem a idéia de conformismo, de aceitação passiva, Confúcio pregava o cumprimento do dever por parte de cada elemento da sociedade, como forma de lhes fortalecer e moderar o espírito para evitar os excessos. Sua doutrina pregava a criação de uma sociedade capaz, culturalmente instruída e disposta ao bem estar comum, fundamentada nos seguintes princípios:humanidade (altruísmo), cortesia, conhecimento ou sabedoria moral, integridade, fidelidade e honradez.
Pouco antes de morrer, o sábio chinês dizia que “Quando tinha 15 anos, pus meu coração a aprender; aos 30, estava firmemente estabelecido; aos 40 não tinha mais dúvidas; aos 50 conhecia os desígnios do Céu; aos 60 estava disposto a escutá-lo; aos 70 podia seguir o que meu coração me indicava sem transgredir o que é correto”.
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